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Lula pede diálogo e paz, e aponta combate à fome como maior prioridade

Em entrevista ao jornal Correio Braziliense, publicada em destaque da edição de hoje (12), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que cumpre agenda hoje e amanhã na capital federal, defendeu que o Brasil volte a ter diálogo e paz, lamentou que o país tenha pessoas sem dinheiro para comprar o que comer, disputando carcaça de frango e osso, e disse que o combate à fome é um compromisso de vida e será tratado com a maior prioridade, num eventual novo governo.

“Isso é um compromisso de vida. Conseguimos, com toda a sociedade, criar políticas públicas e promover inclusão social que tirou o Brasil do Mapa da Fome da ONU, e agora estamos de volta. Essas políticas públicas foram desmontadas, e a fome voltou. Não tem por que o Brasil ter milhões de pessoas, milhões de famílias e crianças passando fome. Nós vamos resolver isso, é a maior prioridade”.

Em comentário sobre responsabilidade fiscal, o ex-presidente afirmou que o maior problema de teto de gasto no Brasil são as milhares de famílias que viraram sem teto nas grandes cidades, morando nas ruas. “Esse é o teto que me preocupa. (…). “Eu governei oito anos com responsabilidade fiscal, social, econômica, com todo o tipo de responsabilidade possível, sem precisar de teto nenhum”.

Brasil precisa voltar a ter diálogo e paz
Ele comentou a violência política, que tenta intimidar atos públicos de sua pré-campanha e que no domingo, 10 de julho, levou à morte do ex-tesoureiro do PT em Foz de Iguaçu, Marcelo Arruda, assassinado na festa de aniversário de 50 anos por um apoiador do presidente Jair Bolsonaro. Lula defendeu que o Brasil volte a ter diálogo e paz.

“Eu sou uma pessoa que respeita a democracia, que gosta de ouvir a opinião dos outros, e respeito a divergência. O Brasil precisa voltar a ter diálogo, ter paz e ter um presidente que trabalhe para resolver os problemas. É a isso que quero dedicar os próximos quatro anos da minha vida”.

Confira a íntegra da entrevista:

No primeiro mandato, o senhor disse que não descansaria enquanto alguém passasse fome no Brasil. A fome voltou. Vai repetir esse compromisso?
Sim. Isso é um compromisso de vida. Conseguimos, com toda a sociedade, criar políticas públicas e promover inclusão social que tirou o Brasil do Mapa da Fome da ONU, e agora estamos de volta. Essas políticas públicas foram desmontadas e a fome voltou. Não tem por que o Brasil ter milhões de pessoas, milhões de famílias e crianças passando fome. Nós vamos resolver isso, é a maior prioridade.

Acredita que Bolsonaro vai respeitar o resultado da eleição?
Ele tem que respeitar. Não é opção dele.

O senhor já disse que é contra as emendas de RP9, as emendas de relator ao Orçamento, e que vai acabar com elas. Porém, para acabar é preciso acertar com o Congresso. O Congresso é que hoje manda no Orçamento e, para 2023, vai tornar impositivas também essas emendas de relator. Como o senhor fará para acabar com elas, uma vez que até na oposição tem gente que apoia essas emendas e diz que é melhor ficar independente do governo?
Vamos conversar sobre isso com o Congresso eleito pelas urnas de 2022. Por isso, será muito importante o voto para deputado e senador nessa eleição. Eu acho que o país não pode ter algo chamado “orçamento secreto”. Eu quero que o país tenha um orçamento participativo, com as pessoas podendo participar pela internet, opinar no destino dos recursos dos seus impostos.

Se vencer a eleição, vai manter o Auxílio Brasil a R$ 600?
Eu quero manter. O PT queria que o Auxílio fosse de 600 reais já em 2020. O Bolsonaro que fez uma coisa engraçada: criou uma série de benefícios em período eleitoral que duram até dezembro. Depois disso, vale a palavra do Bolsonaro. Que não vale nada, como o mundo sabe, porque todo mundo sabe que ele é um mentiroso.

O senhor é contra o teto de gastos. E o presidente Bolsonaro encomendou uma bomba fiscal de R$ 41 bilhões? Isso não é irresponsabilidade fiscal?
Eu governei oito anos com responsabilidade fiscal, social, econômica, com todo o tipo de responsabilidade possível, sem precisar de teto nenhum. Em nenhum país do mundo existe esse teto. Nem no Brasil, onde toda a hora se cria uma exceção ao teto. O maior problema de teto no Brasil são as milhares de famílias que viraram sem teto nas grandes cidades, morando nas ruas. Esse é o teto que me preocupa

Derrotar Bolsonaro é seu objetivo. Mas ele tem aliados em diversos estados. Onde estão os maiores desafios?
O povo brasileiro viveu meu governo. Saí da presidência com grande aprovação. E o povo brasileiro tem lutado para sobreviver ao governo do Bolsonaro. Onde muitos morrem de covid, de fome, de tiro. Onde as pessoas buscam osso, buscam carcaça de frango, porque não podem comprar carne. Ele não tem muitos aliados, porque estão vendo nas pesquisas que não é uma boa se associar a ele. Então, em Minas, no Rio de Janeiro, em São Paulo, os candidatos dos partidos dele estão é escondendo ele.

E no Distrito Federal? Ibaneis é aliado do presidente.
Vamos ver se essa aliança irá se firmar, inclusive pelo comportamento de Bolsonaro, que está longe de ser alguém confiável ou estável. Acho triste, no Distrito Federal, com tantos servidores públicos, as pessoas votarem em alguém que desrespeitou tanto o funcionalismo, como Bolsonaro.

O PT já reconheceu todos os seus erros?
O PT é o maior partido do país, com centenas de milhares de filiados e milhões de simpatizantes. Governamos vários estados e cidades do país, várias vezes, com pessoas diferentes. Nada na vida é perfeito, sempre podemos aprender e melhorar. Mas sempre respeitamos a democracia. Não sei se todos que desrespeitaram a democracia, derrubando uma presidenta honesta e elegendo um fascista, achando difícil a escolha entre ele e um professor que é um dos gestores públicos mais qualificados do país, não sei se eles reconheceram todos os seus erros.

Por que o antipetismo ainda é tão forte?
Porque o petismo é forte. E porque, para derrotar o PT após quatro vitórias eleitorais, foi necessário acumular muita mentira, estimular muita gente de extrema direita a sair do armário, para derrotar um partido que construiu políticas sociais contra à fome e à pobreza, que foram inspiração e modelo no mundo todo.

Bolsonaro pode perder, mas o bolsonarismo continuará. Concorda?
Em qualquer país existe parte da população, uma minoria pequena, de extrema direita. A diferença é que Bolsonaro os estimulou, fez parecer bonito ser ignorante, exibir grosseria e preconceito, ser violento. Vamos ver depois da eleição como ficará o bolsonarismo. Bolsonaro foi por 28 anos um deputado irrelevante. Agora, será um grande trabalho consertar o estrago que ele fez no país. Na questão ambiental, ao espalhar armas, atuando contra a ciência, a educação, contra nossas universidades. Será um grande trabalho que eu, junto com Alckmin, com a nossa experiência, e com toda a sociedade brasileira, não quero perder tempo, quero desde a 1ª hora trabalhar para consertar o país.

Seus adversários mais ferrenhos afirmam que o PT jamais fez o mea culpa do mensalão e do Petrolão e que o senhor não foi inocentado. Como o senhor está se preparando para responder a essas argumentações ao longo da campanha?
Quem diz que eu não fui inocentado é alguém desesperado, que não tem a grandeza de admitir que me acusou injustamente, depois de termos provado a abertura de processos completamente forjados e parciais contra mim, como disseram meus advogados desde a primeira defesa que apresentaram, ainda em 2016. Eu venci em mais de duas dezenas de casos na justiça. Juristas de renome internacional da Alemanha, Estados Unidos, Itália, Argentina, ficaram chocados com o absurdo da minha condenação por “atos indeterminados” quando leram a sentença do Moro. Fui absolvido na justiça em Brasília da acusação de envolvimento em desvios na Petrobrás e outras empresas públicas, por meio de decisão definitiva. Nem os procuradores de Brasília recorreram da sentença que falava que as acusações tinham objetivos políticos. Eu fui o político mais investigado do país e não acharam nada contra mim. Mas depois de tantas e tantas mentiras contra mim e minha família, tem gente que não quer dar o braço a torcer. A denúncia do tal “petrolão” foi recusada pela justiça de Brasília. Pessoas foram condenadas no mensalão por um voto, que deve ter sido escrito pelo Moro, que admitia que não tinha provas contra ele. A Lava Jato de Curitiba soltou executivos de empresas e diretores da Petrobrás que eles descobriram que roubavam desde os tempos do PSDB, em troca de um bando de mentiras em delações. E destruíram as empresas, destruíram projetos de desenvolvimento, destruíram empregos. Os delatores foram soltos com parte do dinheiro, não tem nenhum mais preso, e milhões de trabalhadores honestos das empresas ficaram desempregados. Os adversários mais ferrenhos apostam nisso porque não sobrou mais nada para dizer, depois do desastre deles na economia, na educação e, inclusive, no combate à corrupção. Na época dos governos do PT, foram feitas as principais leis de combate à corrupção e também foi feita a Lei da Transparência. Hoje, com Bolsonaro, tudo é sigilo de 100 anos.

Sua campanha já foi vítima de dois ataques, um no triângulo mineiro, com um drone que atirou fezes sobre os seus apoiadores, e, na última quinta-feira, no Rio de Janeiro, com uma bomba caseira de fezes atirada contra o público. Como o PT e o senhor vão tratar desses temas? Como o senhor vai se preparar, por exemplo, para o Sete de Setembro, que hoje preocupa alguns partidos e até a Justiça Eleitoral?
Eu não gosto de comentar segurança, temos os responsáveis pela área, que cuidam disso. Em ambos os casos que citou, reagiram rápido, o sujeito do drone foi preso, o homem que jogou a bomba também. O Bolsonaro faz um discurso violento, cheio de bravata, bem típico de um covarde, que tenta estimular a violência no país, inclusive tivemos essa tragédia em Foz do Iguaçu. Isso de Sete de Setembro, ele inclusive já tentou antes. Não deu certo aquela vez e não vai dar certo de novo.

A redução no preço dos combustíveis tem sido difundida pelos bolsonaristas nas redes sociais como uma vitória do presidente Jair Bolsonaro e a PEC dos Benefícios é vista como um gol de Bolsonaro, porque não deixou margem para o PT votar contra a proposta, restou a obstrução. Como o senhor vai trabalhar esse tema na campanha?

Também estamos tranquilos com isso. Tem gente que pensa que o povo é bobo. O Bolsonaro ficou 3 anos e meio no poder, não liga para nada, fica passeando de moto e espalhando mentira, chega perto da eleição, tenta comprar o voto do povo, que está em uma situação difícil, vendo o preço de tudo subir cada vez que vai no supermercado. Aliás, ao invés de reduzir os preços dos combustíveis enfrentando a questão da paridade internacional dos preços da Petrobrás, abrasileirando os preços dos combustíveis aos custos em reais, monta esse pacote em cima de um calote nos governadores e prefeitos, tirando dinheiro da saúde e da educação nos estados e municípios. Se essa verba chegar para o povo, o povo tem mais que pegar o dinheiro, o PT não vai ser contra auxílio, e depois votar com sua consciência. O povo vai avaliar como Bolsonaro tem desrespeitado os trabalhadores, as mulheres, como foi um desastre na pandemia, que não tem nada de bom para apresentar, e vai votar contra ele.

Muita gente confunde Lula com o PT, há quem diga o PT só faz o que senhor quer e há quem diga que o senhor só faz o que o PT quer. Quem está certo?
Nenhuma das duas falas. Quem diz isso não conhece o PT, o que é até uma pena para quem acompanha política, não saber da diversidade e da vida interna intensa do PT. No PT tudo é discutido, tudo precisa ter convencimento, se ouve as divergências, se vota. O PT não é um partido que o secretário-geral fala e ninguém responde. O PT é um partido nacional, espalhado em todo o país, com diretórios estaduais, municipais. E eu tenho muito orgulho de ser um dos fundadores do PT, mas, ao mesmo tempo, eu não quero ser candidato só do PT. Quero ser, junto com o Alckmin, candidato de uma aliança que hoje tem sete partidos, que tem apoio de pessoas de outros partidos além desses sete, e quero ser candidato de um movimento de reconstrução do Brasil para ser presidente de todos os brasileiros. Eu quero me reunir em janeiro, talvez até em dezembro, com os 27 governadores eleitos, para juntos resolvermos os problemas do país. Me reunir com os prefeitos. Não importa se gostam ou não de mim. Eu, quando fui presidente, respeitei a todos. Não fiquei pedindo para empresário me apoiar, não fiquei perguntando se ele votava em mim. Respeitei todas as religiões, todos os brasileiros, representei esse país no exterior, busquei investimentos externos e mercados para nossas exportações. Eu sou uma pessoa que respeita a democracia, que gosta de ouvir a opinião dos outros, e respeito a divergência. O Brasil precisa voltar a ter diálogo, ter paz e ter um presidente que trabalhe para resolver os problemas. É nisso que eu quero dedicar os próximos quatro anos da minha vida.

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