Lula: política não se faz com ódio, mas com inteligência e sabedoria

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Em entrevista coletiva nessa terça-feira, no Rio Grande do Norte, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu as empresas nacionais que são fundamentais para o desenvolvimento social, como a Petrobras. O ex-presidente criticou o desmonte do Estado e dos programas sociais criados pelo PT, mas recusou a ideia de vingança. Lula disse que a política não comporta raiva nem ódio, mas sim inteligência e sabedoria.

O ex-presidente sugere substituir vingança por ações concretas que resolvam problemas sociais urgentes. “A minha vingança é fazer mais educação, mais saúde, mais cultura, mais desenvolvimento, mais emprego. É cuidar da vida das pessoas que precisam ser cuidadas com carinho. É essa a vingança que eu quero fazer. Fazer com que esse país cresça, possa se desenvolver e que o povo possa voltar a ter orgulho de ser brasileiro. Esse é o meu compromisso. É a minha vontade”, declarou, após sua última agenda no Rio Grande do Norte, a reunião do Consórcio de Governadores do Nordeste, no Centro de Convenções de Natal.

Na entrevista, Lula voltou a chamar atenção para a crise sistêmica que vive o Brasil – com aumento da fome, desemprego, perdas na área de educação e de cultura, além da pandemia. Ele destacou que muitas das conquistas do povo ocorridas durante os governos do PT estão sendo desmontadas pela direita no poder. O ex-presidente lembrou alguns programas importantes criados nos governos petistas, como aumento de postos de trabalho, abertura do acesso à universidade e ao ensino técnico  para todos, sem distinção de cor ou classe social.

Para Lula, a economia pode voltar a crescer, se o país tiver um governo que conquiste credibilidade da sociedade e que atue com previsibilidade. “É preciso saber o que vai acontecer daqui a um ano, um ano e meio. As coisas precisam ser feitas de forma que as pessoas acreditem que não vão mudar enquanto elas estiverem dormindo, que o empresário acredite que aquilo é para valer”.

Crime contra a Petrobrás e o desenvolvimento

Lula considera covardia e ação criminosa a tentativa de destruição da Petrobras, especialmente na região Nordeste. Ele destacou o papel da estatal como indutora do desenvolvimento nacional e regional e sugeriu ampliar a visão sobre a potencialidade da empresa. “Não se pode pensar a Petrobras só como empresa de óleo e gás. É a empresa com maior capacidade de investimento no desenvolvimento desse país. Na hora que esse pessoal destrói a Petrobras, algumas multinacionais vão tomar conta de tudo, gerar emprego em seu país e desemprego no Brasil”.

Lula diz que o atual governo quer vender tudo que produz estabilidade, soberania e desenvolvimento para o país. “O que eles estão fazendo com a Petrobras é um crime.  Somente com muita vontade do povo a gente vai ser capaz de parar isso. Eu já avisei uma vez a quem está comprando a Petrobras:  se preparem porque a gente pode reverter muita coisa. Se temos um presidente serviçal que bate continência para a bandeira americana, nós queremos um governo que bata continência para o povo brasileiro”.

Lula afirmou ainda que, se eleito, conversará com as Forças Armadas sobre seu papel: de defender a soberania do Brasil e o povo brasileiro, sem entrar na política.  “Se alguém quiser fazer política, pode. É só abandonar o papel que tem nas Forças Armadas e se aposentar. Tem que entender que tem papel importante na defesa da soberania e do povo.  O que não pode é dar sustentação a um genocida responsável por quase 600 mil mortos no país”.

Ao criticar Bolsonaro, Lula também comentou a contradição entre o falso discurso de representar a nova política com a prática de juntar-se ao que dizia que iria acabar, o toma lá dá cá. “Ele dizia que era o novo e ia acabar com a velha política. Ele caiu naquilo que ele achava que era a ratoeira da velha política e hoje ele está mais dependente da velha política do que qualquer outro presidente já esteve. É o toma lá dá cá, mas ele está dando e o povo continua perdendo”. 

O ex-presidente voltou a afirmar que, se for candidato e eleito, fará a regulamentação dos meios de comunicação. “Vai ser bom para o país. Vai ser bom para a economia e vai ser melhor e mais saudável para a democracia”.

Disse que está cedo para falar de candidatura e de vice, mas quer ver o ex-juiz Sérgio Moro candidato, para ser desmascarado. “Eu adoraria que Moro fosse candidato, que ele fosse participar de debates, porque a sociedade ia descobrir a pessoa medíocre que ele é. Não só do ponto de vista cultural, mas do ponto de vista humanista, do ponto de vista do caráter. Acho que ele não tem coragem (de se candidatar)”.