Lula relembra diplomacia durante lançamento de livro

Obra de Ricardo Stuckert reúne encontros do ex-presidente com líderes mundiais, como Nelson Mandela, Barack Obama, George W. Bush, Fidel Castro e Angela Merkel

Compartilhar:

Em clima descontraído, o ex-presidente Lula recordou algumas histórias da diplomacia brasileira na época em que esteve no governo, entre os anos de 2003 e 2010. Os causos foram narrados na noite desta segunda-feira (22), durante o lançamento do livro “O Brasil no Mundo”, do fotógrafo Ricardo Stuckert.

Na plateia, muitos ex-ministros e membros do alto escalão da gestão Lula, que naquela época acompanharam de perto o protagonismo do Brasil na geopolítica. As imagens de Stuckert, fotógrafo oficial de Lula durante os dois mandados dele como presidente da República, e que o acompanha até hoje, mostra encontros com líderes mundiais, como Nelson Mandela, Hugo Chávez, Barack Obama, George W. Bush, Fidel Castro, Angela Merkel, entre outros.

“A coisa que me dá muito orgulho é que a nossa política externa nunca permitiu que a gente falasse grosso com a Bolívia ou com o Uruguai, São Tomé e Príncipe ou qualquer outro país pequeno, como Timor do Leste, mas também nunca permitiu que a gente falasse fino com os Estados Unidos”, disse Lula.

O ex-presidente contou diversas histórias, como a vez em que recusou entrar no teatro de guerra dos Estados Unidos contra o Irã, ou quando aconselhou Chávez a dialogar de maneira séria com Bush.

“O Bush estava metido naquela coisa da guerra do Iraque, ele só falava naquilo, em terrorismo, ele dizia ‘eu preciso do Brasil, eu preciso do Brasil para a gente poder acabar com esse terrorismo, a gente vai ter que invadir o Iraque’, e ainda falou que se a gente invadisse o Iraque e ganhasse a guerra, as empresas brasileiras iriam participar da reconstrução do país. Aí eu respondi: cara, amigo Bush, o Brasil fica a 14 mil km do Iraque. Eu nunca vi o Saddam Hussein na vida, ele nunca fez nada contra mim, por que eu vou brigar com ele? A minha guerra é lá no Brasil, é contra a fome. É essa a minha guerra e nós vamos vencer”, relembrou.

Sobre a desavença entre Venezuela e os norte-americanos, o ex-presidente brasileiro disse: “nós nunca perdemos o respeito com os Estados Unidos. Todo mundo dizia que eles eram ruins, mas tiveram uma relação conosco muito digna, muito respeitosa. Quando houve a crise na Venezuela, nós nos oferecemos para ser amigos da Venezuela, dissemos para o Chávez, queremos ser amigos da democracia da Venezuela. Quem participou conosco do diálogo foi o secretário americano, Colin Powell, as pessoas sabiam que a gente queria fazer as coisas certas. E da mesma forma que a gente falava com ele, a gente falava com o Chávez. ‘Chavez, para de fazer bobagem…’. E assim a gente foi levando, as pessoas foram se integrando conosco, fomos virando personalidade mundial, até que nós ficamos um país importante”, afirmou.

Lula também agradeceu seu ex-ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, a quem chamou de melhor chanceler do mundo quando esteve no cargo, por sua capacidade de articulação política internacional, e ao autor do livro, Stuckert, por conseguir registrar momentos históricos.

“Quero agradecer o companheiro Stuckert porque ele vem aqui todo ‘fanfarrão’ [lançar o livro], mas ele não contou para vocês quantas caneladas ele tomou, quantos chutes nas canelas tentando entrar no meio dos soldados para tirar foto privilegiada minha. E ele tomava chute de coturno, chegava a se lamentar, porque ele era intrometido e xereta para tirar as fotos que ele conseguiu tirar. Queira Deus que o Brasil tenha muitos fotógrafos com a dedicação e a competência do companheiro Stuckert. Eu estou falando bem dele aqui, mas xingo ele todo dia porque vocês não têm noção o que é ficar sendo perseguido pela máquina dele”, brincou.

O evento foi transmitido ao vivo – clique aqui para assistir. Já o livro de Stuckert pode ser baixado gratuitamente através do site https://institutolula.org.