Lula sobre a fome: ¨É possível acabar. Já fizemos uma vez e faremos de novo¨

Ex-presidente defende a volta de contrapartidas de saúde e educação, presentes no Bolsa Família, pois contribuem para a redução da evasão escolar e da mortalidade infantil

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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-governador Geraldo Alckmin

Em entrevista coletiva nesta sexta-feira (19/08), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a se indignar com a volta da fome no Brasil. Ele disse que o Bolsa Família, programa referência no enfrentamento da desigualdade em seus governos, voltará ao formato que era e com valor de R$ 600, como o Partido dos Trabalhadores sempre defendeu. Além de garantir renda aos mais pobres, exigirá contrapartidas para que as famílias cuidem do acesso das crianças à educação e à saúde. 

“Nós tínhamos praticamente exterminado com pessoas dormindo nas ruas, com as pessoas passando fome. Você não via mais crianças pedindo esmola nas ruas. E, por incrível que pareça, depois do golpe contra a presidenta Dilma, a fome voltou numa velocidade muito grande. O desemprego voltou ainda maior. O que é mais grave é que a redução da massa salarial também ajuda com que a fome cresça no nosso país. Tanto o Alckmin quanto eu nós temos clareza de que é possível acabar com isso. Nós já fizemos isso uma vez e vamos fazer outra vez”, disse Lula. 

O ex-presidente afirmou que a solução é fazer com que a economia cresça para gerar emprego e salário e estimular um mercado consumidor que faça com que novos empregos e salários surjam. “Quando todas as pessoas estiverem participando do processo dinâmico da economia, a gente vai acabar com o desemprego, a gente vai diminuir a fome e a gente vai permitir que as pessoas voltem a tomar café, almoçar e jantar”, afirmou. 

Estoque regulador

O ex-presidente voltou a dizer que tanto o Brasil quanto o mundo produzem alimentos suficientes para evitar que pessoas passem fome. Lembrou que em seus governos havia a Conab, que atuava como espécie de estoque regulador para impedir que os preços dos alimentos subissem descontroladamente. O descontrole atual impede que muitas pessoas, especialmente os mais pobres, tenham acesso à comida. Lula defendeu a volta dos estoques reguladores e disse ser preciso se indignar com o que acontece hoje.

“Nós precisamos voltar a nos indignar porque não é possível a fome acontecer. No Brasil, nós somos o terceiro produtor de alimentos do mundo, o primeiro produtor de proteína animal do planeta terra. Ou seja, não tem sentido a gente ter fome no Brasil. O que precisa é que o governo crie as condições para que as pessoas tenham acesso aos alimentos”, afirmou, destacando também a necessidade de estimular a produção do pequeno e médio produtor para que haja cada vez mais oferta de alimentos.