Em visita ao assentamento Eli Vive, em Londrina (PR), na tarde de hoje, 19 de março, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a agradecer o MST pela organização da Vigília Lula Livre que acompanhou os 580 dias que ele ficou preso injustamente em Curitiba, em processos que já foram anulados pela Justiça.
Lula lembrou do encontro que teve no dia anterior, sexta (18), com 150 pessoas que participaram da vigília, e destacou o envolvimento de todos na defesa da liberdade dele e tentando fazer o Brasil compreender as injustiças envolvendo o processo. Foi a primeira vez que Lula encontrou integrantes da vigília.
“Vocês não têm noção de como lavavam minha alma quando eu ouvia todo dia bom dia, presidente Lula, boa tarde, presidente Lula, boa noite, presidente Lula. Essas palavras vão ficar na minha cabeça para o resto da vida. Vocês não têm noção do gesto que vocês fizeram. Foi o maior gesto de solidariedade que eu tive conhecimento na história contemporânea”, disse.
O ex-presidente fez referências direta a Roberto Baggio, da coordenação nacional do MST, um dos organizadores da vigília, e destacando que a relação dele com o MST é antiga, já que ele participou do congresso de fundação do movimento há quase 40 anos. “A minha solidariedade aos sem-terra é uma coisa que está na carne, que está no sangue, que é quase que uma profissão de fé”.
Ao lado da presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, do ex-governador Roberto Requião, recém-filiado ao PT, da noiva Janja, de parlamentares do PT e de convidados como a apresentadora e militante da alimentação saudável Bela Gil e do economista Eduardo Moreira, Lula destacou a importância do financiamento da agricultura familiar. “Acesso a dinheiro e investimento em setor produtivo não pode ser privilégio de rico, não pode ser privilégio de meia dúzia de pessoas. Tem que ser um direito de todos”.
Discursos no campo
No Eli Vive, assentamento criado em 2010, seu último ano de governo, Lula conheceu a produção agroecológica tocada por 501 famílias do assentamento e discursou para uma plateia de quase dez mil pessoas, formada por trabalhadores rurais sem terra e assentados do Paraná.
Em fala durante a cerimônia, Bela Gil destacou a importância da comida como ferramenta poderosa de transformação e disse que a reforma agrária é fundamental para se pensar no combate à fome e no acesso à alimentação saudável. “Gostaria de deixar meu carinho, meu apoio e minha admiração pelo MST. Sem vocês a gente estaria muito pior. Quem coloca comida na nossa mesa são vocês”.
O líder do MST João Pedro Stédile, destacou a importância da reforma agrária para a produção da alimentação saudável, disse que quem continuar usando veneno é contra a vida e contra o MST e defendeu a criação de um Plano Nacional de Agroecologia para que a agricultura familiar continua produzindo alimentos saudáveis. Stédile também defendeu financiamento para os projetos, acesso a educação nos assentamentos e informações também sobre culinária.
A presidenta do PT, Gleisi Hoffmann agradeceu a presença do MST nos momentos mais difíceis do partido e disse que é preciso se organizar para enfrentar o desafio das eleições deste ano.
Roberto Requião, que será o candidato do PT ao governo do Paraná, lembrou das medidas que adotou em seus governos em favor dos trabalhadores rurais e defendeu a candidatura de Lula. “Conheço o Lula há muito tempo. Só acredito que temos no Brasil um caminho, a eleição de lula para fazer alterações necessárias e, definitivamente, pensar na reforma agrária”.
As famílias que participaram do evento com Lula doaram 70 mil quilos de alimentos que serão repassados a família de Londrina neste domingo, 21.