Mais de 38,5 milhões de brasileiros recorrem ao trabalho informal e ficam sem direitos

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O último resultado da PNAD Contínua, divulgado pelo IBGE na última sexta-feira, 18, mostra que o Brasil continua com um número alto e preocupante de trabalhadores que são obrigados a deixar suas carteiras profissionais de lado e recorrer ao trabalho informal e sem direitos para continuar trabalhando.

Segundo os dados, o país tem 95,4 milhões de trabalhadores ocupados, com uma taxa de desemprego que ficou em 11,1%. A informalidade, no entanto, avançou 39,2% em relação ao primeiro trimestre de 2021 e agora atinge 38,5 milhões de trabalhadores, tendência puxada principalmente pelo aumento de empregados sem carteira assinada no setor privado.

Ao todo, 12,383 milhões de pessoas tiveram de deixar a Carteira de Trabalho em casa para obter ocupação, que normalmente não vem acompanhada de direitos trabalhistas, contribuição previdenciária ou benefícios. O aumento é de 3,6% (aumento de 427 mil pessoas) em relação ao trimestre anterior e de 19,8% (mais 2 milhões) na comparação com o mesmo período do ano passado.

Com isso, são mais de 12 milhões de pessoas que deixaram de contribuir com o INSS e o FGTS, que não terão férias remuneradas e aumentarão as filas da saúde pública (ou terão de pagar caro por planos de saúde particulares). A Previdência Social e os projetos financiados pelo FGTS terão menos dinheiro e a economia vai rodar menos.

Outro dado importante é que a massa de rendimentos do trabalhador (R$ 232,6 bilhões) praticamente não cresceu, mesmo com um avanço no número de ocupados. Na prática, isso significa que a renda média dos trabalhadores recuou no geral.

Lula defende carteira assinada

Em entrevistas recentes, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou da importância de se criar empregos com direitos e de como isso afeta diretamente a atividade econômica de todo o país. Nos governos do PT, foram criados mais de 22.5 milhões de vagas com carteira assinada no Brasil.

“Nós, agora, precisamos ter consciência de que este é um desafio para o futuro. Que tipo de emprego a gente vai criar? A gente vai criar emprego desses intermitentes que o trabalhador não tenha direito? A gente vai ficar fazendo o trabalhador trabalhar nesses aplicativos sem nenhum direito? É preciso dar garantia, seguridade social para as pessoas, é preciso que as pessoas tenham um descanso, é preciso que as pessoas tenham férias, é preciso que as pessoas ganhem um salário minimamente digno para comer. É isso que nós precisamos fazer e é isso que nós vamos construir nesse país outra vez”, afirmou.

Para Lula, aquecer a economia é o que vai fazer os empregos de qualidade voltarem a aparecer, assim como aconteceu na década passada. “O que vai gerar emprego é o dinamismo da economia. Quando a economia começa a funcionar, quando o comércio começa a vender, quando a indústria começa a produzir, quando os empregos começam a ser gerados, a economia cresce e tudo melhora. É como se fosse uma roda gigante funcionando, ou seja, o povo tem que ter recurso, o povo vai comprar, o comércio vai vender, a indústria vai produzir, vai ter mais emprego, vai ter mais salário, vai ter mais renda”, ressaltou.