Marina Silva: meio ambiente estará no mais alto nível das prioridades de Lula

Em entrevista coletiva, ex-ministra fala dos desafios do setor e sinaliza o que será preciso fazer para o Brasil retomar o protagonismo no debate e nas ações sobre sustentabilidade

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meio ambiente será prioridade, diz Marina Silva

Em entrevista coletiva a veículos da imprensa estrangeira na tarde desta quinta-feira (27/10), a ex-ministra Marina Silva (Meio Ambiente), e os ex-ministros Aloysio Mercadante (Ciência e Tecnologia e Educação) e Celso Amorim (Relações Exteriores) informaram que, num novo governo Lula, a questão ambiental estará no mais alto nível das prioridades.

Segundo Marina Silva, o governo implementará políticas transversais, tendo como perspectiva a reconstrução do que foi destruído pelo governo Bolsonaro e a busca do objetivo de proteção da Amazônia e desmatamento zero, com retomada de medidas de prevenção e controle, além da meta de alcançar a agricultura e economia de baixo carbono.

“No programa de governo, temos eixos e diretrizes estratégicas robustas para enfrentar o desmonte da política ambiental e, ao mesmo tempo, colocar o Brasil numa trajetória virtuosa”, disse a ex-ministra.

Segundo ela, o desafio é grande porque o contexto é muito difícil, após os retrocessos, mas o governo estará preparado para enfrentá-lo e buscar o protagonismo que já ocupou com o exemplo positivo na proteção ambiental nos governos anteriores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando houve redução da emissão de Co2 e do desmatamento.

Entre os retrocessos do atual governo, Marina Silva citou cortes no orçamento, redução da fiscalização, ameaças à legislação e o aumento da emissão de Co2. O objetivo era reduzir as emissões em 50% até 2030, mas o que aconteceu foi um aumento de 12%. “Isso é muito preocupante porque sabemos que se a temperatura da terra aumenta acima de 1,5 vamos comprometer a segurança climática do planeta”.

Marina Silva destacou a necessidade de se construir um novo ecossistema político, com combate à pobreza, o respeito à diversidade dos povos e democracia, e também enfatizou ser preciso cooperação internacional e planos integrados de redução do desmatamento.

Marina e Mercadante reforçaram a tese de que o mundo compense os países que preservam, que será discutido na COP do Egito que acontece em novembro.

A proteção ambiental, disse o ministro Celso Amorim, é uma questão de sobrevivência do planeta. “Estamos lutando a favor de valores civilizatórios e contra o egoísmo desenfreado. Sim, queremos soberania, mas soberania não significa que você pode destruir a floresta amazônica. É patrimônio de cada país, mas tem que ser exercido de maneira compatível com os interesses comuns da humanidade”, afirmou, acrescentando que com a volta de Lula, o Brasil pode voltar a exercer o papel de pacificador do mundo.

“O mundo civilizado, democrático, humanista espera a vitória do Lula. O governo vai ter responsabilidade econômica, responsabilidade fiscal, responsabilidade ambiental e responsabilidade social. Temos um gigantesco desafio que é a pobreza, a desigualdade e a fome no país. Combinar essas dimensões exige um estadista”, completou Mercadante.