Miséria cresce e bate recorde no governo Bolsonaro

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A conjunção de inflação alta, rendimento baixo, desemprego e inadimplência, num contexto de governo que nada faz para garantir qualidade de vida à população, faz a miséria no Brasil crescer e atingir nível mais alto na gestão Bolsonaro, numa comparação de desempenho desde 2012, quando o IBGE começou a divulgar a Pnad contínua.

As informações são de artigo publicado nesta terça-feira, 07, no Valor Econômico e assinado por João Saboia, professor emérito do Instituto de Economia da UFRJ, João Hallak Neto, conselheiro do Corecon-RJ, e François Roubaud, pesquisador sênior do Institut de Recherche pour le Développement (IRD) de Paris e pesquisador visitante do IE/UFRJ.

Considerando dados trimestrais de inflação (o índice usado foi o INPC), subutilização da força de trabalho, rendimento médio de ocupados e desocupados e nível de inadimplência, os pesquisadores verificaram que, no final de 2021, o índice chegou a 86,9, o mais alto de todo o período analisado.

Em média, o índice de miséria no governo Bolsonaro chegou a 62, mais alto do que nos antecessores Michel Temer (média de 54,5) e Dilma Rousseff (média de 35,1). O pico no governo Temer foi de 67,6, no terceiro trimestre de 2016, enquanto o do governo Dilma foi de 66,1, em meados de 2016, em meio ao processo de golpe que lhe tirou o cargo por meio de impeachment.

Na análise dos autores do artigo, a conjuntura Covid-19 contribuiu para a subida do índice de miséria, “mas a dificuldade em reverter o movimento de alta do índice mostra a incapacidade do atual governo em melhorar o bem-estar da população após dois anos de início da pandemia”.

Eles mencionam que “o governo Bolsonaro tem tomado uma série de medidas tipicamente eleitoreiras na tentativa de agradar a população e seus aliados com o claro objetivo de vencer as eleições de outubro’, citam algumas dessas medidas, como mudanças no pagamento dos precatórios e no cálculo do valor do teto dos gastos para aumentar o volume de recursos para as despesas públicas em 2022 e avaliam que as perspectivas para os próximos meses não são nada animadoras.

“A inflação deve permanecer alta até o final do ano e com as atuais dificuldades do mercado de trabalho provavelmente o rendimento real da população continuará em queda e a taxa de subutilização, elevada. Além disso, as atuais taxas de juros contribuirão para a manutenção do alto nível de inadimplência. Nesse contexto o índice de miséria permanecerá elevado e Bolsonaro deverá ter grandes dificuldades para convencer a maioria dos eleitores a apoiá-lo em outubro”.