Mundo precisa do Brasil com democracia, diz ex-primeiro-ministro francês

Compartilhar:

O ex-primeiro-ministro francês Dominique Villepin afirmou nesta quinta-feira (13) que o mundo atravessa um período de turbulência, com o crescimento de tendências autoritárias em muitas regiões, da ampliação das desigualdades entre os países e dentro de cada país, como efeitos negativos da globalização. “Nesse contexto, precisamos do Brasil como grande ator democrático e como ardente defensor do multilateralismo”, afirmou Villepin, ao lado do ex-ministro das Relações Exteriores e da Defesa, Celso Amorim, em entrevista coletiva.

Villepin, que ganhou destaque internacional quando se opôs à invasão norte-americana do Iraque sem o aval da Organização das Nações Unidas, em 2003, viu o crescimento da influência do Brasil no cenário internacional durante os governos do ex-presidente Lula. “Vi o aumento da influência do Brasil com o crescimento dos Brics. Vi o engajamento do país para consolidar a paz e a democracia no mundo, desenvolver suas relações com os países do Oriente Médio, afirmar um papel de iniciativa com relação à América Latina, e se abrir muito mais a suas relações com a África.”

O ex-primeiro-ministro francês também destacou “a abertura da democracia” brasileira nesse período. “Deste ponto de vista, os anos do presidente Lula foram realmente decisivos em termos de educação, saúde, reformas e desenvolvimento da sociedade brasileira. O acesso dos brasileiros a mais direitos e a mais oportunidades é um elemento importante dessas mudanças que foram empreendidas. E o que faz uma nação forte é esse sentimento de compartilhar um futuro melhor.”

Preocupações

Villepin afirmou que ele, assim como outros observadores internacionais, tem tido “inquietações” e “preocupações” com os rumos da democracia brasileira. O mesmo tipo de sentimento, segundo ele, que há no mundo em relação ao governo de Donald Trump e com o aumento dos regimes liberais e governos ditatoriais ao redor do mundo. “É também a mesma preocupação com o que está acontecendo na Europa, com o aumento dos partidos de extrema-direita, populistas e conservadores”, disse.

Segundo ele, essas tendências autoritárias, que ele caracteriza como “supremacistas” e “populismo conservador”, são baseadas na “vontade” de alguns países, grupos sociais ou pessoas de se afirmarem perante os demais a partir de critérios raciais, por exemplo.

Para o Brasil, Villepin afirmou que regras legais não funcionam se não tiverem o espírito de progresso e de reformas voltadas para o povo. Sem o respeito às leis, as reformas também não duram, afirmou o ex-líder europeu, que defendeu o Estado de Direito e o fortalecimento de instituições “imparciais”, que são, segundo ele, o “coração da democracia”.

Confira a íntegra da entrevista com Villepin e Amorim

Por Rede Brasil Atual