A pandemia revelou a face mais cruel da desigualdade, castigando as populações da América Latina e do Caribe com aumento do desemprego e da pobreza, aponta pesquisa do Banco Mundial e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Sob o desgoverno Bolsonaro, o Brasil foi um dos mais afetados, ao lado de Colômbia e Equador. Segundo o levantamento, a taxa de emprego na região é de 62%, quase 11% abaixo do nível pré-pandemia, em janeiro de 2020.
Mais da metade das famílias não conseguiu recuperar os níveis de renda, mesmo com a adoção de programas de transferência de renda. A insegurança alimentar praticamente dobrou, saltando de 12,8% para 23,9% no período.
“A pandemia ressaltou as desigualdades pré-existentes na região, onde os grupos mais vulneráveis e mais pobres foram afetados de forma desproporcional”, reconhece o diretor Regional do PNUD para a América Latina e o Caribe, Luis Felipe López-Calva, no comunicado à imprensa distribuído pelo Banco Mundial. “A pesquisa permite tomarmos o pulso da região e propor soluções baseadas em evidências ”, avalia López Calva.
“A qualidade dos empregos disponíveis também diminuiu, assim como o número de horas de trabalho remunerado por semana”, aponta o relatório. De acordo com o documento elaborado pelas agências, as taxas de emprego em alguns países da América Latina e do Caribe tiveram uma recuperação discreta, caso de Guatemala, Nicarágua e El Salvador. Nesses países, as taxas de emprego ultrapassaram os níveis anteriores à crise.
De modo geral, o emprego formal caiu 5,3% na região, enquanto o trabalho autônomo cresceu 5,7%. “Os números apontam para uma deterioração da qualidade do emprego disponível”, detectou a pesquisa. “Mesmo entre a população ocupada, os resultados da pesquisa regional identificaram queda nas horas semanais de trabalho remunerado, de 43 para 37, confirmando essa tendência negativa”.
Os resultados da pesquisa também demonstram que a crise afetou particularmente as mulheres, que têm duas vezes mais chances de ficar desempregadas devido à pandemia do que os homens. “A situação é agravada por um aumento nas responsabilidades domésticas das mulheres, incluindo supervisão de crianças em educação remota, e uma maior incidência de problemas de saúde mental”, aponta o relatório das agências.
Segundo o relatório, as mães de crianças pequenas (de 0 a 5 anos) foram as mais atingidas: 40% das trabalhadoras maiores de 18 anos com filhos de 0 a 5 anos perderam o emprego antes da pandemia, em comparação com 39% das mulheres em geral e 18% dos homens.
O aumento da informalidade está associado diretamente ao maior impacto que a pandemia teve sobre trabalhadores com menor escolaridade (homens e mulheres). 35% dos trabalhares com apenas ensino fundamental ou menos perderam o emprego, ante 28% dos empregados com ensino médio. Já os que possuem ensino superior foram menos afetados, com o desemprego afetando 19% dos trabalhadores.
Da Redação, com informações de Banco Mundial
Originalmente postado em: https://pt.org.br/na-america-latina-e-no-caribe-quase-metade-das-familias-perderam-renda/
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