Na Argentina, Lula defende direitos dos trabalhadores: “Estão sendo jogados para escanteio”

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“Onde vamos conseguir empregos? Qual a política de seguridade que o Estado vai oferecer?” questionou o ex-presidente

Em ato com as centrais sindicais argentinas CGT e CTA, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu os trabalhadores, afirmando que a categoria vem sendo jogada para escanteio, enquanto o Estado foi capturado pelo capital. Lula disse ao dirigentes sindicais que era preciso pensar no futuro do trabalho em mundo digital, criando alternativas para os trabalhadores.

“Para onde esse mundo vai, se os trabalhadores estão sendo jogados para escanteio?”, disse Lula, lembrando que as políticas liberais, pautada na redução do Estado, já mostraram fracasso, e voltando a mostrar preocupação com o futuro do trabalho em um mundo digital. “Onde vamos conseguir empregos? Qual a política de seguridade que o Estado vai oferecer?” questionou.  

Lula lembrou que toda vez eu há uma crise profunda, o Estado é chamado para resolver, como ocorreu nas maiores crises financeiras norte-americanas. “Temos um desafio: discutir que tipo de sindicalismo vamos fazer? Que tipo de emprego vamos gerar, que tipo de Estado vai cuidar do povo? “, afirmou o ex-presidente.

Ele destacou que o trabalhador só ganha um pouco de importância na época das eleições, mas é esquecido quando elas acabam. “Quando terminam as eleições, vocês não são convidados para o cafezinho, nem para o almoço, nem para a jantar.  Nós precisamos mudar isso.  Se somos a maioria, não podemos continuar sendo governados pela minoria. É uma questão matemática”.

O presidente defendeu representatividade no Congresso Nacional para que os trabalhadores tenham seus interesses considerados nas decisões. “Não é possível que tenhamos leis favoráveis se não elegermos pessoas que nos defendam. Tem que dar seu voto para quem vai fazer leis, para beneficiar os trabalhadores. Do contrário, a gente passa o ano todo no local de trabalho brigando com os patrões e, quando chega nas eleições, não se importa com política e elege o patrão. Como se colocar a raposa para tomar conta do galinheiro”.

Ele citou como exemplo o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) que seria representado por apenas três deputados, enquanto a bancada ruralista tem 300 parlamentares. “Algo está errado. Se somos maioria estarmos sendo enganados, estamos acreditando no discurso deles. A primeira coisa que falam para cooptar a gente é dizer que o Estado é corrupto, que o serviço do Estado não presta e nós prontamente acreditamos e entregamos o ouro para nosso inimigo. Não é possível continuar assim”.

Em seus discurso, na sede da CGT, o ex-presidente lembrou a função do chamado “Consenso de Washington” – conjunto de medidas e políticas formulado na capital norte-americana e que serviu de receita para o FMI impor ajustes fiscais e superávits, em detrimento do bem-estar da população.  

“A ideia era destruir o papel do Estado e enaltecer a iniciativa privada. Tudo que era público não prestava; tudo que era privado, era extraordinário; tudo que era público, tinha roubalheira; tudo que era privado, não tinha roubalheira e isso não era verdade. Eles queriam que a iniciativa privada se apoderasse do Estado e, à medida que tivesse acesso aos recursos do Estado, enfraquecia os dirigentes e quem passava a decidir a política econômica eram os empresários, o Estado foi ficando fraco, quebrado, as empresas foram fechando, os trabalhadores ganhando menos, o salário foi ficando apertado, quando surgiu a globalização”, contou o ex-presidente.

“Eu nunca vi a política entrar numa fábrica e dizer para o patrão: você tem que atender os trabalhadores.  O Estado foi capturado pelo capital”, completou.

Assista ao evento: