Na crise, mulheres assumem as contas do lar e são as mais afetadas pela inflação

Brasileiras enfrentam rotina de dívidas e de angústia: a chamada “recessão feminina” atinge 70% dos endividados no Brasil

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Elas assumiram sozinhas as contas da casa durante a pandemia e sofrem o impacto da inflação e da perda da renda causados pelo descontrole financeiro da governo Bolsonaro. De acordo com levantamento da Paschoalotto, especializada em cobrança de débitos, a “recessão feminina” atinge 70% de todos os endividados no Brasil.

Reinaldo Cafeo, economista-chefe da empresa que realizou a pesquisa – encomendada pelo jornal Estadão -, disse que o baixo poder aquisitivo entre as mulheres fez com que as contas do dia a dia acabassem sendo priorizadas, deixando carnês, cartões de crédito, e financiamentos com a fatura em aberto. “O número de mulheres que chefiam seus lares cresceu nos últimos anos e alguns fatores explicam a inadimplência mais frequente entre elas”.

No Brasil, por exemplo, mulheres ganham cerca de 20% menos do que os homens, mesmo quando se compara trabalhadores do mesmo perfil de escolaridade e idade e na mesma categoria de ocupação.

Segundo Marina Raole, responsável pela área de pesquisa do Grupo Consumoteca, “vivemos em um País onde a informalidade de trabalho está muito presente entre as mulheres. Com isso, elas têm renda mais incerta. Este momento está sendo chamado de recessão feminina, onde as conquistas que as mulheres tiveram no mercado de trabalho retrocederam muito nos últimos dois anos”, explicou.

Os dados da Paschoalotto mostram ainda que 38% das pessoas endividadas têm entre 25 e 51 anos e que, na hora de pagar as contas, 25% ignoram a fatura do cartão de crédito.

Recuperar o poder de compra

O programa de governo da Coligação Brasil da Esperança, liderada por Lula e Alckmin, destaca que a retomada do crescimento, dos empregos e da renda e a busca pela estabilidade de preços serão tarefa prioritária: “O Brasil precisa criar oportunidades de trabalho e de emprego. Para isso, propomos a retomada dos investimentos em infraestrutura e em habitação; a reindustrialização nacional em novas bases tecnológicas e ambientais; a reforma agrária e o estímulo à economia solidária, à economia criativa e à economia verde inclusiva, baseada na conservação, na restauração e no uso sustentável da nossa biodiversidade. Também deve estender o apoio ao cooperativismo, ao empreendedorismo e às micro e pequenas empresas”.