Na réplica de sua casa de infância, Lula lembra lição de esperança de Dona Lindu

Compartilhar:

Em diversos momentos de sua vida, Euridice Ferreira de Melo, nascida em 1915 em Garanhuns (PE), não tinha sequer um bocado de feijão para colocar no fogo para os oito filhos comerem. Mulher de fibra, Dona Lindu nunca se desesperava: “A minha mãe dizia: meu filho, amanhã vai ter, amanhã vai ter! Eu nunca vi minha mãe nervosa, nunca vi, nunca vi, porque ela sempre acreditava que amanhã ia ser melhor”, lembra o sétimo de seus 8 filhos, Luiz Inácio Lula da Silva. Nesta semana, o ex-presidente fez uma visita emocionada à réplica da casa em que viviam, em Caetés.

“Eu nasci em Caetés e eu fui comer pão pela primeira vez aos 7 anos de idade. Eu vim para São Paulo 70 anos atrás para não morrer de fome, não foram poucas as vezes que minha mãe não tinha comida para colocar no fogo. Eu olhava no semblante da minha mãe e ela nunca perdia a esperança. Ela falava: ‘Hoje não tem, mas amanhã vai ter’. E essa crença… Essa crença me formou”, disse ele sobre a mãe, emocionado.

Quando Lula tinha cinco anos de idade, Lula conheceu o pai, que migrara para São Paulo quando a mulher ainda estava grávida. Dois anos depois, Dona Lindu e os oito filhos passariam 13 dias e 13 noites viajando de pau de arara para o Sudeste. Anos depois, em 2003, ele se tornaria Presidente da República, responsável por tirar 36 milhões de pessoas da miséria, levar água para o sertão e tirar o país do Mapa da Fome. Foi inspirado no exemplo de Dona Lindu que o sonho de um Brasil para todos e todas se tornou realidade.

Na quarta-feira (20), Lula reviveu essas memórias com muita emoção ao visitar uma réplica da casa simples em que passou os primeiros anos de sua infância. Localizada em Caetés, em Pernambuco, o imóvel tem pouco mais de 30 metros quadrados divididos em três pequenos cômodos, e foi reconstruído com auxílio de amigos e primos do ex-presidente que ajudaram com as referências de como a casa costumava ser.

Lula refletido em quadro de Jesus Cristo na Casa Lindu, réplica de sua casa de infância em Caetés, Pernambuco

Eu sei que é o sofrimento, eu quando vejo uma pessoa na rua eu sei o que essa pessoa está passando. Quando eu vejo uma mulher com criança na calçada pedindo esmola, eu sei o que ela está passando. Então, é essa causa que me move na política.

Lula em entrevista à rádio Super, de Minas Gerais
Lula com o fogão a lenha na Casa Dona Lindu, réplica de sua casa de infância

O fogão a lenha, o chão de terra batida, o colchão de palha, o candeeiro e os móveis de madeira ajudam a compor o cenário de como era a vida na região na década de 1950, quando a família se mudou para São Paulo em um pau de arara. O projeto da casa, uma homenagem idealizada pelo PT de Pernambuco, teve início em maio e substitui uma réplica feita no início dos anos 2000 e que não resistiu à ação do tempo.

Foi ali que, agora, Lula plantou um pé de mulungu, árvore que remete a seus tempos de criança. “A ideia é reproduzir uma réplica que existia antes da casa original onde Dona Lindu morou com os filhos e o esposo. Reconstruindo essa réplica, estamos reconstruindo parte da história do Brasil”, conta Eraldo dos Santos, primo de Lula.

Lula planta um pé de mulungu, árvore que remete a seus tempos de criança, em frente à Casa Lindu