Estranhas “coincidências” parecem rondar o debate público. Repare: toda vez que estoura uma notícia real sobre alguma tragédia desse governo, a máquina de desinformação espalha uma fake sobre o mesmo assunto, porém atacando Lula. Dessa vez foi com o tema das drogas e da violência. A notícia: Bolsonaro armou o tráfico (com suas portarias para facilitar a venda de armas, facilitou a vida do crime organizado). A fake que eles espalham: que Lula quer legalizar drogas, que Lula faz palestra sobre drogas, que Lula é ligado ao crime organizado.
Há um problema real. Até o Datena está escandalizado: a polícia afirma que integrantes da facção criminosa PCC usavam fuzis, metralhadoras e pistolas legalizadas. O relaxamento de normas e exigências para a compra e posse de armas é algo que Bolsonaro acha bom, que organizações criminosas (como o PCC) acham bom, que milícias (grupos criminosos formados por ex-policiais e ex-militares) acham bom.
O Ministério Público Federal apontou que o decreto das armas de Bolsonaro facilita desvio para as milícias. Dito e feito, pois com a falácia da compra de armas por “caçadores e colecionadores”, o que vemos são criminosos alegando serem caçadores para comprar arsenais bélicos e municiar traficantes. Até o portal R7 se rendeu à verdade: armas do PCC tinham sido compradas com licença para colecionador.
O problema é grave, está colocado, as redes sociais repercutem e o termo “Bolsonaro armou o tráfico” fica em alta no Twitter. Qual a reação do bolsonarismo? Usar a tática do espelho invertido: tentam jogar para Lula algo que é legado de Bolsonaro.
Em ação coordenada, os mesmos perfis espalhadores de fake que já estamos cansados de ver (desde os filhotes de Bolsonaro até os “papagaios” como Carla Zambelli, Luciano Hang, Silas Malafaia etc) começam a replicar todo o tipo de fake e de distorção para tentar ligar Lula ao crime organizado, ao PCC, ao tráfico de drogas. Não cola, não vai colar, mas pode distrair. Por isso é importante entender que não existem “coincidências” no debate público, pois as fake news têm método, tática e objetivos bem conhecidos.
À verdade. O tanto quanto pôde, Bolsonaro beneficiou fabricantes e traficantes de armas de fogo. O tanto quanto pôde, incentivou a população a se armar, ao mesmo tempo em que abandonou o cuidado com a economia, a inflação e o custo de vida. Legado de Bolsonaro: hoje há mais civis armados no Brasil do que militares. Legado de Bolsonaro: no mesmo Brasil, 1 em cada 4 pessoas não têm o que comer.
O debate sobre a segurança pública é inescapável, pois o aumento da desigualdade piora a violência e isso precisa ser enfrentado com honestidade. Ninguém quer morrer de arma, nem de fome. Quem está preocupado com o bem estar, a segurança e o futuro do povo brasileiro?
