“Não é justo que os mais pobres paguem por um modelo de desenvolvimento que exauriu os recursos naturais”, defende Lula em seminário na Bolívia

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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente da Bolívia, Evo Morales, participaram nesta quinta-feira (22), da abertura do seminário “Enfrentar a mudança climática: Uma economia e uma sociedade para viver bem”. O Seminário sobre meio ambiente e mudanças climáticas foi realizado em preparação para a reunião de cúpula do G77+China, que acontecerá nos dias 14 e 15 de junho, também em Santa Cruz de la Sierra.

Lula lembrou que Brasil e Bolívia lutaram juntos para responsabilidades comuns, mas diferenciadas, na questão do meio ambiente, com maior responsabilidade para os países desenvolvidos, que poluem mais e há mais tempo. “Não é justo que os mais pobres paguem por um modelo de desenvolvimento que exauriu os recursos naturais”, disse.

Para baixar fotos em alta resolução, visite o Picasa do Instituto Lula.

O ex-presidente falou sobre os compromissos ambientais voluntários assumidos pelo Brasil na Cop-15, “vamos cumprir nossos compromissos no meio ambiente, da mesma forma que cumprimos nossos compromissos sociais”.

E que juntos, Brasil e Bolívia, impediram a Alca (Área de Livre Comércio das Américas), um projeto de transformar a América Latina em mero mercado para as exportações norte-americanas. Lula também citou a criação da Celac (Comunidade dos Estados Latinoamericanos e Caribenhos), e a construção das primeiras pontes entre Brasil e Bolívia, como exemplos dos avanços na integração latino-americana nos últimos anos. “Mostrem em que parte do mundo os pobres tiveram uma ascensão social tão rápida quanto a América do Sul”, defendeu Lula.

“O Estado Plurinacional da Bolívia é um exemplo dos avanços que tem acontecido nos países latino-americanos”. O ex-presidente relacionou o sucesso econômico boliviano com a inclusão social no país. “Os pobres e os indígenas que sempre foram excluídos e provaram que são capazes de governar”.

Evo, que tratou Lula como um “irmão”, e o Brasil como um “irmão maior” da Bolívia, também criticou a Alca, como um projeto neoliberal, que impedido, fez com que os Estados Unidos buscassem “pequenas Alcas” com tratados de livre comércio com cada país. O presidente boliviano lembrou o impulso que Lula, Hugo Chávez, Néstor Kirchner e Fidel Castro deram para “uma integração para liberação frente à globalização que vem do ocidente para subjugar nossos povos”.
Evo lembrou ainda, a trajetória do seu governo, que hoje, após ter abandonado as políticas neoliberais, Bolívia recebe cerca de 30 vezes mais investimentos externos diretos do que antes da sua chegada ao governo.