Em ato em defesa da soberania na noite desta quarta-feira, 01, em Porto Alegre (RS), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que defender soberania não é só cuidar das fronteiras e das riquezas naturais, mas também garantir que as pessoas vivam com dignidade e tenham direito a emprego, salário e a comer três vezes ao dia. De acordo com Lula, a soberania brasileira está se esvaindo, com o governo destruindo um patrimônio construído ao longo dos séculos 20 e 21.
“Um país pode ter toda a riqueza do mundo, mas se o povo não tiver direito de tomar café da manhã, almoçar e jantar, esse país não é soberano. Um país pode ter toda a riqueza do mundo, mas se o povo não tiver emprego e salário que dê para sustentar a família, onde está a soberania? Um país pode ter toda a riqueza do mundo, mas se o governante não cuida de forma responsável da política ambiental, para evitar o plantio de coisas desnecessárias em áreas que precisam ser preservadas, cadê a nossa soberania? A nossa soberania não pode ser um discurso, ela tem que ser uma prática”.
Em encontro com partidos aliados no Rio Grande do Sul, em evento com presença da ex-presidenta Dilma Rousseff, dos ex-governadores gaúchos Tarso Genro e Olívio Dutra, Roberto Requião (PR) e Geraldo Alckmin (SP), Lula afirmou que a soberania que defende passa por dignidade e um país civilizado, humanista e solidário, a partir do princípio de tratar a todos com igualdade de condições.
“Nós vamos governar esse país que nem disse o nosso companheiro Chico Buarque para a Dilma, um país que não fala fino com os Estados Unidos nem grosso com a Bolívia. Queremos tratar todos em igualdade de condições, todos com respeito porque é esse país civilizado, humanista e solidário que quer comprar livros e distribuir de graça, proibir armas e evitar o genocídio”, afirmou.
Passaporte para o futuro
Lula lembrou que, em seu governo, quando o pré-sal foi descoberto, foi tomada a decisão de que o petróleo seria do povo brasileiro e que a grande reserva descoberta seria um passaporte para o futuro do país. Ele disse que as medidas tomadas contrariaram a indústria que queria ver a companhia privatizada, plano que o governo Bolsonaro quer tirar do papel. Lula afirmou que, diferentemente do discurso de que concorrência reduz o preço, o que o Brasil vive depois da venda da BR Distribuidora é preços de combustíveis altos como nunca antes.
“Como é possível, a gente virou autossuficiente em petróleo e a gente não pode sequer comprar botijão de gás de 13 kg? Durante todo o nosso governo, a gente não aumentou o gás porque o gás na verdade é um elemento da cesta básica. Hoje o gás, tem estado que está a 150 reais o botijão. Como sobrevivem os caminhoneiros pagando o diesel que estão pagando e ainda assaltados pelos pedágios? Tudo isso reflete na comida que a gente come porque 50% da inflação são dos preços controlados pelo governo. E por que isso? É por causa da guerra na Ucrânia? É por falta de vergonha de quem governa esse país e de quem dirige a Petrobras”.
O ex-governador Tarso Genro afirmou que um eventual retorno de Lula ao governo significa a derrota do fascismo e o resgate da soberania, da democracia e da República. “Se não, não tem futuro para ninguém”.
Roberto Requião, ex-governador do Paraná, lembrou do papel fundamental do Rio Grande do Sul para a defesa da soberania brasileira e disse que nunca, desde a independência, ela foi tão aviltada como nos últimos anos. “Nenhum dos pressupostos que sustentam a soberania restou intocado de 2015 para cá”.
A presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou que soberania é também um estado forte e de desenvolvimento. “Um país soberano não pode ter fome e desemprego. Tem que ter acesso a educação, saúde, direitos e respeito a todos. Um país soberano a gente constrói no dia a dia com solidariedade e amor”.