Dois ex-ministros de Direitos Humanos, de governos diferentes, Paulo Vannuchi e Paulo Sérgio Pinheiro, visitaram nesta quinta-feira (2) o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Superintendência da Polícia Federal do Paraná. Destacaram a energia e o humor de Lula, chamado de “vulcão” por Vannuchi, também ex-integrante da Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Mas ele também fez comparação com sua própria prisão política, durante o governo de Emílio Garrastazu Médici.
“Ele (Lula) não tem nenhuma queixa sobre o atendimento imediato que as pessoas aqui fazem. Mas as regras que são impostas lá de cima são inaceitáveis, e eu comparei com a minha situação de preso político durante cinco anos, no pior momento da ditadura”, disse Vannuchi. “Nós recebíamos visitas religiosas livremente, Dom Paulo veio nos visitar no Carandiru sem pedir autorização pra ninguém, às 6 da tarde, conseguiu entrar. Inaceitável que o presidente da República mais popular da história deste país esteja submetido a esse sistema, vingativo e perseguidor, de restrições.”
Sem citar o julgamento recente no Superior Tribunal de Justiça (STJ), o ex-ministro afirmou que este é um momento “em que objetivamente se coloca alguma perspectiva no sistema para que ele volte a gozar de liberdade para seguir na luta que vai demorar anos, mas vai ser atingida, de provar cabalmente a sua inocência”.
“Isso pode demorar mais tempo, menos tempo. A Justiça brasileira em algum momento há de se retratar da perseguição, do julgamento político”, acrescentou Vannuchi, citando ainda pronunciamento da Associação Americana de Juristas reconhecendo Lula como preso político. “Nesse sentido, a evolução é de otimismo, esperança, de superação dessa situação inaceitável”.
O ex-ministro também comentou a entrevista concedida por Lula na semana passada. “Encontramos aquele mesmo presidente: um vulcão de energia, de garra, de firmeza, com diagnóstico para o Brasil e sempre preocupado com o país, o povo, a soberania nacional”, relatou.
Ministro no governo Fernando Henrique Cardoso e atual presidente da Comissão Arns de Direitos Humanos, Paulo Sérgio Pinheiro lembrou que é amigo de Lula há 40 anos. “O que eu acho fantástico é o grande senso de humor que ele continua tendo. A segunda anotação que eu faria é que não há ódio. Reflete grande serenidade na situação que ele está hoje e quando ele for libertado”, afirmou. “A percepção internacional é de que realmente não há razões para que o presidente esteja enclausurado numa solitária de 15 metros.”
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