Na entrevista aos jornalistas da Guilherme Ibraim, Thalita Marinho e Ricardo Corrêa, da Rádio Super FM, de Belo Horizonte, o ex-presidente Lula defendeu o diálogo com todos os partidos e reforçou que o mais importante é a convergência de ideias por um país melhor. “Nós não temos tempo de ficar brigando com ninguém, fazer coisas pequenas, picuinhas. A hora é de cuidar do Brasil, do povo brasileiro, colocar essa gente pra comer, estudar, trabalhar e se divertir. É isso que o brasileiro precisa e é essa a nossa obrigação. Por isso eu estou voltando a ser candidato a presidente da República, porque eu acredito que é possível fazer tudo isso no país. Estou convencido que é possível e é o que me dá muita disposição para dizer: nós vamos consertar esse país”, completou.
Segundo o ex-presidente, governar é conversar com todo mundo. “Você vai ter que ter relação com Congresso Nacional, independentemente de quem sejam os deputados eleitos”, disse ele. “Não existe a possibilidade de você não conversar com quem hoje está no governo. Se a pessoa foi eleita governador, você vai ter que conversar, se for eleita deputado, senador, você vai ter que conversar. O importante é ter um projeto com medidas concretas para conversar com essa gente. Muito melhor fazer acordo programático com os partidos e governar o país por quatro anos com certa tranquilidade”, avaliou.
“Depois que acabarem as eleições é preciso estabelecer clima de paz, um clima de cordialidade, um clima de civilidade. Ou seja, houve uma disputa, alguém ganhou, alguém perdeu. Quem ganhou vai governar e quem perdeu vai se preparar para outra disputa. Eu fiz isso em 84, em 98. A gente precisa aprender a ganhar com humildade e a perder com humildade”, disse Lula.
“Democracia não é um pacto de silêncio”
Lula lamentou a maneira como o país regrediu desde que deixou a Presidência da República, após o golpe contra Dilma Rousseff. “Nós precisamos reestabelecer a paz. Depois que eu deixei a Presidência, pensei que o Brasil continuaria evoluindo. Nós éramos a sexta economia do mundo, e eu pensei que iríamos ser a quinta, a quarta. E olha o que aconteceu, houve um retrocesso nesse país. Nós voltamos a ser a décima terceira economia do mundo. Tínhamos acabado com a fome e ela voltou, e votou muito mais violenta do que ela era quando pegamos o governo em 2003”, declarou.
O ex-presidente também defendeu os debates, as urnas eletrônicas, o respeito ao resultado das urnas e o processo democrático como um todo. “Democracia não é um pacto de silêncio, é uma sociedade em efervescência querendo conquistar melhores condições de vida, querendo conquistar espaço democrático para que todo mundo viva bem. Ao invés de um pacto de silêncio, a democracia é um cenário de debate, discussão e discordâncias para que possamos construir as concordâncias necessárias para o Brasil dar certo”, afirmou.