No Acampamento Terra Livre, povos indígenas entregam carta aberta a Lula

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Em visita hoje (12) ao Acampamento Terra Livre, organizado pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu apoio a uma nova candidatura e uma carta aberta com demandas, como demarcação e proteção das terras, que povos de todo o país gostariam de ver implementadas num eventual novo governo petista.

Na carta, lida por Célia Xacriabá e Kleber Karipuna, os indígenas pedem que o processo de destruição em curso seja interrompido, que os povos isolados sejam respeitados e que as perdas de direito sejam revistas. “Estamos aqui porque entendemos a urgência e a emergência que o Brasil e nossos povos vivem. Nossas aldeias, terras e plantações estão sendo invadidas e destruídas com o avanço ilegal da mineração e do garimpo”, disse Xacriabá, acrescentando que casas de rezas em aldeias de todas as regiões do Brasil estão sendo queimadas, crianças violentadas e jovens perseguidos e assassinados.

“Precisamos interromper esse processo de destruição.  Nossa luta é pelos nossos povos, mas também pelo Brasil e pela humanidade”, completou, defendendo ainda a construção de outro projeto civilizatório, com democracia, cuidado com o meio ambiente e sem racismo e discriminação. “Não existe democracia sem a demarcação dos territórios indígenas”, disse.

Em seu discurso, Sônia Guajajara, que coordena a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), também destacou a importância de o próximo governo ter compromisso com a demarcação das terras indígenas, assim como a retomada da participação indígena nos espaços de controle social para construção de políticas públicas, assim como com a continuidade do ingresso e permanência dos jovens na universidade.

“Não vamos permitir que o Brasil siga nas mãos de quem não tem compromisso com os indígenas.  Não aguentamos mais dragas do garimpo ilegal sugando crianças. Não queremos mais casas de reza sendo queimadas. Não queremos mais que nossas lideranças, guardiões da floresta, sejam assassinadas. Queremos que os órgãos de monitoramento do meio ambiente sejam fortalecidos. Queremos começar agora a participando na construção do projeto de um novo Brasil. Esse Brasil que queremos é a cara da diversidade”.

Participaram também do encontro, as lideranças Weibe Tapeba, Eliel Benuti, Kretã Kreingang, Shrirley Pankará, Luiza Kerexu e Toya Machineri , além de nomes da presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, do senador Randolfe Rodrigues e do presidente da Fundação Perseu Abramo, Aloísio Mercadante.