No dia do cooperativismo, baiana pede a Lula a volta do Programa de Aquisição de Alimentos

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Durante o ato do 2 de Julho no estacionamento da Fonte Nova, em Salvador (BA), no início da tarde de hoje, uma outra data, além da Independência da Bahia, foi lembrada no palco: o Dia Internacional do Cooperativismo. Coube a Denise Cardoso, presidente da Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá (Coopercuc), do norte do estado, falar diante do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e demais autoridades presentes.

Ela contou sobre as mudanças que os pequenos agricultores de sua região, produtores de de mandioca, melancia, feijão e frutas como manga, pinha, goiaba, acerola e umbu experimentaram no período dos governos petistas. Duas décadas atrás, a produção era vendida para atravessadores. 

Após o início do governo Lula, o PAA (Programa de Aquisição de Alimentos) mudou tudo. Criado em 2003 no âmbito do Fome Zero, o programa tinha como principal função adquirir produção da agricultura familiar e destiná-la a pessoas em situação de insegurança alimentar. Em 2015, foram compradas mais de 24 mil toneladas de alimentos no valor de R$ 56 milhões, beneficiando mais de 11 mil agricultores, apenas na Bahia.

“Na Coopercuc, fomos uma das primeiras cooperativas a ter acesso ao PAA no Brasil. Em três municípios pequenos no norte da Bahia, Canudos, Uauá e Curaçá, significava uma movimentação de mais de R$ 1 milhão”, disse ela. “Hoje nós perdemos isso. A gente precisa que a agricultura familiar volte a ter espaço no Brasil”.

Fundada em Uauá, em 2004, por um grupo de mulheres, a Coopercuc, havia sido presidida por homens até 2016, quando Denise assumiu o cargo. A entidade se tornou uma referência na região e hoje, dos 270 cooperados, 70% são mulheres. O principal fruto da região, o umbu, é usado por elas para fazer doces, umburanas, geleias e polpas. Essa produção é vendida em 17 estados do Brasil e também exportada para a Alemanha e a França. Os incentivos do governo, destacou Denise, foram fundamentais.

“Antigamente, a gente tinha vergonha de dizer que era do semiárido. Antes, a gente tinha vergonha de dizer que era do Nordeste. Me lembro de uma vez que fui convidada para participar de um evento em São Paulo, já pela Coopecuc, e me perguntaram por que o povo do Nordeste defendia o PT e por que defendia o Bolsa Família. Eu disse simplesmente que a gente sabe o que é fome”, relatou.

E não foi apenas na compra da produção que os programas foram fundamentais na vida da cooperada. “Tive a oportunidade, como filha de agricultores lá do norte da Bahia, de fazer parte da Coopercuc e de estudar, pelas políticas públicas de Educação, coisa que meus pais não tiveram oportunidade. Eu, como tantas outras mulheres do semiárido, a gente sentiu a perda de políticas públicas. O Nordeste precisa sentir orgulho de novo”, completou.