No RN, Lula recorda Getúlio e convida: “Vale a pena lutar por soberania”

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No Rio Grande do Norte, quinto estado visitado na viagem pelo Nordeste que realiza com lideranças do Partido dos Trabalhadores, o ex-presidente Lula lembrou os 67 anos da morte de Getúlio Vargas, completados nesta terça-feira (24), e defendeu o legado deixado pelo líder gaúcho tanto na conquista dos direitos dos trabalhadores quanto na construção de um Brasil mais soberano.

Em reunião com lideranças políticas do estado, Lula lembrou que Vargas tirou a própria vida em consequência de um golpe que se armava contra ele, em reação justamente às transformações que estava implementando no país. Entre essas transformações, o ex-presidente destacou conquistas como o salário mínimo, o 13º salário e o direito a férias, e a ousadia de industrializar o país, criando a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), inaugurada em 1946, e a Petrobras, criada em 1953.

“É importante recordar a ousadia e o compromisso de Getúlio com a soberania nacional, simbolizada na criação da CSN e em um conjunto de iniciativas que transformaram o Brasil em um país industrializado, quando queriam nos condenar a ser, eternamente, uma nação essencialmente agrícola. Nenhum país é soberano se não for capaz de desenvolver todo seu potencial econômico e voltar esse potencial para a geração de empregos e oportunidade para o seu povo. Foi esse o caminho que Getúlio abriu para muitas gerações”, afirmou Lula, ao lado da governadora Fátima Bezerra (PT), que o recebeu na capital Natal na noite de segunda-feira (23).

A história de desenvolvimento do Rio Grande do Norte, ressaltou Lula, liga-se à história de Getulio Vargas. Foi no estado, lembrou, que se descobriu o primeiro poço de petróleo do país, o que daria origem à Petrobras. Infelizmente, disse o ex-presidente, as forças que derrubaram Getulio atuam hoje contra o desenvolvimento do Brasil, destruindo tanto o seu legado quanto as conquistas alcançadas durante os governos do PT.

“Fiquei muito triste quando soube que estão privatizando a refinaria Clara Camarão, que fizemos aqui no Rio Grande do Norte, e que estavam vendendo todos os poços de petróleo em terra do estado”, lamentou Lula, afirmando que a Petrobras, desmontada pelo governo Bolsonaro, é muito mais que uma simples empresa.

“A Petrobras não era só uma empresa de petróleo, mas uma empresa com capacidade de investimento. Quando chegamos ao governo, ela investia mais ou menos US$ 3 bilhões por ano. Quando eu era presidente, chegamos a investir US$ 30 bilhões por ano. Foi por isso que encontramos o pré-sal e foi por isso que eles deram o golpe contra a Dilma. Porque a gente tinha decidido que o petróleo do pré-sal seria o passaporte do futuro deste país, que a gente ia investir 75% dos royalties do petróleo em educação, ciência e tecnologia e na saúde. Com a lei da partilha a gente deixou claro que esse petróleo não era para que as multinacionais explorassem, mas era do povo brasileiro. E a gente se propôs a criar um fundo para que a gente pudesse garantir que todos os 215 milhões de brasileiros tivessem direito”, disse.

Reconquistar a democracia para retomar a soberania

Segundo Lula, quando se completam 67 anos do golpe contra Getulio Vargas, buscam destruir não só a biografia de Getulio, mas tudo que foi dado ao trabalhador. “Hoje o trabalhador, que pensa que é microempreendedor, ele quase voltou a ser escravo, porque não tem mais férias, 13º salário. Se ele se machucar, não tem auxílio, não tem seguro”, denunciou.

Por isso, defendeu Lula, vale a pena lutar agora. “Este país terá a grandeza com que todos vocês sonham no dia em que for soberano. A gente não quer brigar com ninguém, mas a gente quer ter o direito de definir que ar a gente quer respirar sem pedir licença a ninguém. Valerá a pena a gente lutar e reconquistar a democracia, para recuperar nossa soberania“, afirmou.

“Não há possibilidade de um país crescer e ser forte sem soberania. E soberania significa um país ter condições de tomar conta de suas fronteiras, de seu espaço aéreo, de suas florestas, riquezas minerais no solo e no subsolo. Significa ter coragem de tomar conta do nosso povo, de defender a educação, a ciência e tecnologia. Significa, efetivamente, a gente tomar conta do nosso país”, acrescentou.

Da Redação