Nesta segunda-feira (19), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez uma palestra no Centro de Documentação Samora Machel, em Maputo, Moçambique, sobre o combate à desigualdade social para militantes da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), organizações não governamentais, ativistas sociais, gestores públicos e empresários.
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Graça Machel, viúva de Samora Machel e esposa de Nelson Mandela, apresentou Lula como “símbolo, nas condições de hoje, de sucesso em uma sociedade desigual. Nós vimos sua capacidade de tornar a sociedade menos desigual, de criar milhões de empregos, fazendo milhões de cidadãos saírem da pobreza, promovendo desenvolvimento e o fortalecimento da classe média. Na última década, Moçambique tem sido considerado um país bem-sucedido em desenvolvimento econômico, mas somos considerados cada vez mais uma sociedade desigual”.
“Samora sonhou e estabeleceu as bases para que nós tivéssemos uma sociedade em que cada cidadão vivesse com dignidade. Uma sociedade em que o saber fosse um instrumento fundamental para a transformação da sociedade e a transformação da economia”, disse Graça Machel. Em seguida, agradeceu a presença de Lula: “Eu quero dizer que nos honra com sua presença em Moçambique, e também por dedicar o seu tempo ao nosso herói. E ligar o herói de Moçambique e o herói do Brasil, para nos ajudar, com referências do passado e do presente, a ensinarmos a continuar a sonhar, a continuar a lutar, mas sobretudo a produzir o bem-estar para milhões e milhões de moçambicanos e africanos. Obrigada, presidente”.
Lula abriu sua fala deixando claro que as condições dos países precisam ser respeitadas e que não há receitas prontas que se apliquem a qualquer lugar. “Tudo que eu falar aqui é em função da realidade econômica do Brasil, da realidade política e do potencial do Brasil”.
O ex-presidente lembrou políticas públicas e conceitos defendidos em seu governo. Detalhou o funcionamento do Bolsa Família, defendeu que recursos para programas sociais são investimentos, e não gastos, e que é necessário distribuir a riqueza para criar um círculo virtuoso de expansão do mercado interno e do emprego. “Nós começamos a incluir os pobres no orçamento. O Bolsa Família, que atende 50 milhões de pessoas, custa apenas 0,5% do PIB brasileiro”.
Respondendo uma pergunta no debate com o público, Lula ressaltou que as empresas brasileiras têm de agir de forma diferente e evitar os erros cometidos no passado na África e no próprio Brasil. Disse que é preciso respeitar as populações locais e construir, em parceria com os moçambicanos, os projetos necessários para o desenvolvimento do país. “Moçambique precisa de investimentos brasileiros para seu desenvolvimento, e os investimentos brasileiros precisam de Moçambique. O que é fundamental é respeitar o povo de Moçambique”.
Lula encerrou sua apresentação ressaltando o que considera seu maior feito: ter superado os preconceitos e ajudado a eleger a primeira mulher presidente do Brasil. “Todos os sucessos do nosso governo resultaram em um milagre. O nosso país, com muito preconceito, elegeu pela primeira vez uma mulher para presidenta da República do Brasil. Foi a tarefa que me deu mais orgulho. Os adversários falavam que ela era um poste, que não entendia nada de política. Pois bem, o nosso poste hoje está iluminando o Brasil”.
Lula, que já passou pela África do Sul, segue em viagem por Moçambique e depois parte para Etiópia, onde participa do encontro da União Africana. O roteiro do ex-presidente termina na Índia, onde receberá o prêmio Indira Gandhi.
Terça-feira, 20 de novembro de 2012
Palestra para empresários
Visita à unidade da Universidade Aberta do Brasil em Maputo
Visita à fábrica de Medicamentos Antirretrovirais
Veja a programação completa da viagem, com as atividades em Moçambique, Etiópia e Índia
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