Nota sobre reportagem da Folha sobre arquivos da Spoofing e Sistemas Drousys

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Não faz nenhum sentido comparar, como fez a Folha de S. Paulo em manchete ontem (27), os arquivos da Operação Spoofing, material obtido pela Polícia Federal em busca e apreensão, cuja integridade foi atestada em perícia, e a veracidade atestada por inúmeros personagens e fatos, inclusive repórteres da própria Folha de S. Paulo em várias reportagens, e os documentos dos sistemas Drousys e MyWebDay da Odebrecht, que foram entregues pela empresa em acordo de delação, e que peritos da Polícia Federal e membros da própria empresa admitem ter sofrido alterações. A cópia dos arquivos digitais no Brasil jamais foi comparada com a que foi apreendida na Suíça.
Tudo isso foi explicado, inclusive com o envio de documentos e vídeos de depoimentos, para a reportagem da Folha de S. Paulo. Há registro de outro lado na matéria, mas tais informações, factuais, foram ignoradas ou sonegadas dos leitores da Folha.
Assessoria de Imprensa do Ex-presidente Lula.

Leia abaixo a mensagem enviada pela defesa de Lula, que foi acompanhada de documentos e vídeos para a Folha de S. Paulo quando ela fez os questionamentos para essa matéria em fevereiro de 2021.

“Questionamos a quebra da cadeia de custódia dos ‘sistemas’ da Odebrecht desde 2017 com base em fatos revelados ao longo do processo. Fizemos a prova, por meio de perícia, de que a Odebrecht obteve uma cópia do material apreendido na Suíça e, após mantê-lo em sua posse por cerca de 10 meses, entregou-o à ‘Lava Jato’ durante o acordo de leniência. Nesse intervalo entre a obtenção do material na Suíça e a entrega à ‘Lava Jato’, houve adulteração do material, conforme mostraram depoimentos coletados em audiência, com a possibilidade de contraditório da ‘Lava Jato’.
Peritos da Polícia Federal também reconheceram durante reunião com o perito Claudio Wagner, constituído pela Defesa do ex-presidente Lula, que foi gravada com a ciência e a anuência de todos os presentes, que o arquivo foi “mexido” antes de ter sido entregue à ‘Lava Jato’. Para além disso, também por meio de perícia, verificamos que as cópias dos ‘sistemas’ que estão no Brasil e estão sendo utilizados pela ‘Lava Jato’ para acusar Lula e outras pessoas jamais foram comparadas com a via original que está na Suíça. Ademais, mensagens de membros da ‘Lava Jato’ que estão sendo analisadas mostram que os membros da ‘força tarefa’ verificaram a inidoneidade e imprestabilidade do material até mesmo por meio de pareceres informais dados pelo FBI e por outros órgãos internacionais e que detêm elevada capacidade de análise técnica.
Já o material da ‘Operação Spoofing’ ao qual tivemos acesso em 11/01/2021, por autorização do Supremo Tribunal Federal, foi apreendido pela Polícia Federal, sem prévio aviso, durante operação realizada na residência do Sr. Walter Delgatti Neto. A operação foi realizada pela Polícia Federal sob o comando do ex-Ministro da Justiça ex-juiz Sergio Moro, insuspeito de arrecadar ou de alterar qualquer material para favorecer a Defesa do ex-presidente Lula. Trata-se, portanto, de material íntegro, obtido pela Polícia Federal diretamente com a pessoa que admitiu ter feito o hackeamento e cujo conteúdo já foi confirmado por procuradores da ‘Lava Jato’, por peritos, apresentadores de TV que foram referidos nos diálogos, além de diversos jornalistas, inclusive da Folha de S. Paulo, que analisaram os documentos e também por nós, advogados do ex-presidente Lula, a partir do cruzamento das mensagens com atos processuais e fatos históricos. O material foi produzido em aparelhos funcionais dos membros da ‘Lava Jato’, que não apresentaram qualquer indício que possa colocar em dúvida a integridade do material. O conteúdo já analisado confirmou que os membros da ‘Lava Jato’ ocultaram provas de inocência da Defesa do ex-presidente Lula e faltaram com a verdade ao Supremo Tribunal Federal em relação à cooperação que mantiveram com autoridades estrangeiras e sobre a documentação dessa relação
Cristiano Zanin Martins – advogado do ex-presidente Lula”