Depuseram hoje perante ao juiz de primeira instância Sérgio Moro sobre um sítio em Atibaia, três delatores da Lava Jato: Eduardo Musa, João Santana e Mônica Moura. Todos réus confessos que fecharam acordos com a Lava Jato e hoje não se encontram presos após admitirem crimes em delações para saírem de prisões preventivas. Os depoimentos não tiveram nenhuma relação com o sítio.
Monica Moura, publicitária e esposa de João Santana que cuidava da parte financeira da empresa, que tem como advogado do acordo de delação um irmão do procurador da Lava Jato, Diogo Castor de Mattos, que assina a denúncia, está em prisão domiciliar. Ela disse que recebeu caixa 2 em todas das campanhas que fez, e que existiria caixa 2 em todas as campanhas políticas no Brasil, de todos os partidos. E que nas campanhas do PT discutia de recursos de caixa 2 com João Vaccari e Antonio Palocci, tendo havido pagamentos pela empresa Odebrecht em uma conta na Suíça. “Era uma coisa normal, não só no Brasil, como em outros países, nos Estados Unidos, as empresas colaborarem com o partido e pagar ao partido em caixa oficial ou caixa 2.”
Monica Moura disse jamais ter tido reunião com o ex-presidente Lula para discutir esses temas, tendo tido apenas contatos sociais e em gravações com o ex-presidente. “Nunca falei de dinheiro com o ex-presidente Lula. Nunca negociei nada, nunca discuti nada com ele sobre isso.” João Santana também disse que nunca discutiu sobre contratos e pagamentos com o ex-presidente Lula. Teria falado duas ou três vezes sobre atrasos de pagamentos com o ex-presidente. Ele “deduzia” que Lula deveria saber por não conhecer candidato que não acompanharia os pagamentos de campanha. E que nunca ouviu falar de um sítio em Atibaia do ex-presidente.
João Santana disse não saber nada sobre os contratos da Petrobrás com a Odebrecht apontados pelo Ministério Público Federal na denúncia. São esses contratos na denúncia que fazem o caso ser julgado pelo juiz Sérgio Moro. “Eu nunca soube a origem do dinheiro do caixa 2, muito menos especificamente desses contratos da Petrobrás.”
Também depôs hoje Eduardo Musa, ex-gerente da Petrobrás e da Sete Brasil, que admitiu receber recursos em contas na Suíça do Banco Schahin pela sua contratação como operador de um navio sonda da Petrobrás. Musa não afirmou nada referente ao ex-presidente Lula, e sobre José Carlos Bumlai disse jamais ter tido qualquer reunião de discussão de negócios ilícitos com ele, tendo negociado a operação de uma sonda do Banco Schahin com Fernando Baiano, e que foi Baiano que citou o suposto envolvimento de Bumlai no caso.
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