Os ataques de Bolsonaro ao sistema eleitoral brasileiro são motivo de atenção da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta quinta-feira (25/08), em Genebra, na Suíça, a chefe da comissão dos Direitos Humanos, Michelle Bachelet, disse estar preocupada com a ação insistente contra as urnas, o Judiciário e com o aumento da violência política no Brasil.
“O presidente (Jair) Bolsonaro intensificou os ataques ao Judiciário e ao sistema eletrônico de voto, incluindo em um encontro com embaixadores em julho, o que gerou fortes reações”, disse ela, durante entrevista coletiva.
Bachelet, que é ex-presidente do Chile, acrescentou que “um chefe de Estado deve respeitar outros poderes, o Judiciário, o Legislativo. Não ficar vociferando ataques contra outros, porque é essencial para um presidente da República assegurar a democracia”.
Ataques às urnas
O Alto Comissariado para os Direitos Humanos da ONU também está monitorando e analisando os discursos de ódio no Brasil durante o processo eleitoral. “Às vezes, não concordamos com decisões de outro poder. Você pode dizer que não concorda com essas decisões, mas você as respeita, e não estimula violência e ódio”, completou Bachelet.
Na entrevista, ela mencionou o assassinato do tesoureiro do PT de Foz do Iguaçu, Marcelo Arruda, no mês passado, pelo policial federal penal Jorge Guaranho, apoiador de Bolsonaro.
“Quando você é um candidato, ou um presidente que é candidato, você tem que ser muito cuidadoso para garantir que as pessoas se sintam seguras para ir votar. Eu sei, por exemplo, que em julho, um policial apoiador de Bolsonaro matou um apoiador de Lula. Casos como esse não deveriam acontecer, e quando um líder usa uma linguagem que pode ser utilizada em uma direção errada, isso é muito ruim”.