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Para Lula, defender a cultura nacional é também uma questão de soberania

Em um encontro com produtores culturais, artistas e representantes do setor em Maceió (AL), no início da tarde de hoje, 17, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a cultura nacional será peça central de suas políticas, caso volte a ser eleito. Com investimentos e mobilização pelo país, sua ideia é valorizar a produção de cada região e fazer com que isso se espalhe pelo Brasil.

“Eu estou disposto a fazer uma revolução cultural neste país, mas não vamos queimar livro não, vamos distribuir mais livros para as crianças”, disse ele. “Tomei uma decisão que, em todo estado que eu visitar, vou fazer uma reunião com os artistas. Porque logo no ano que vem, se ganharmos as eleições, vamos fazer uma grande conferência nacional sobre cultura, para que a gente decida que investimento em cultura não é gasto, é um investimento de verdade, que tem retorno econômico financeiro”.

Para o ex-presidente, a falta de investimento em cultura vista no governo atual reflete um temor das classes dominantes de ver o povo se aprofundar em sua história e conhecer a realidade por trás de episódios importantes: “o medo que a elite brasileira tem da cultura é que ela pode ser uma coisa muito revolucionária e mexer com a cabeça das pessoas”.

Ele relatou um episódio vivido durante o período que permaneceu na sede da Polícia Federal, em Curitiba, quando não tinha acesso à internet ou à TV a cabo. Foi quando chegou às suas mãos um pendrive com o registro de um debate entre o historiador Pedro Vasconcellos e o jornalista Mauro Lopes sobre a Guerra de Canudos.

“Me dei conta que muitas vezes a história contada pelos vencedores não significa a verdadeira história, a história contada pelos livros que a juventude aprende é apenas uma meia verdade. A história dos 350 anos de escravidão não está contada como aconteceu. Eu não sabia que Antônio Conselheiro foi levado a uma guerra insana porque um delegado mentiu. Porque ele mandou buscar umas coisas que tinha comprado na cidade, o cara que vendeu avisou pro delegado, o delegado achou que iam invadir a cidade para pegar na marra e começaram a perseguir. O que a gente aprendeu sobre o Antônio Conselheiro? Que era um beato ignorante, um cara que não sabia nada”, criticou Lula.

Segundo o ex-presidente, é necessário que as pessoas saibam mais sobre os diversos movimentos populares por independência que fazem parte da história do Brasil, mas muitas vezes não são ensinados nas escolas, especialmente as revoltas do povo negro contra a escravidão e dos estados do Norte e Nordeste pela liberdade e democracia.

“Temos de contar a história da Revolta dos Malês, uma das coisas mais extraordinárias que o povo negro fez neste país. Contar a história de Zumbi, que não era só um revoltado, um insatisfeito, contar a história do Quilombo dos Palmares, que durou quase 200 anos. Contar o que foram as revoltas no Pará, para que o povo aprenda que esse país não é cordeiro e pacífico como a elite quer. Por exemplo, a gente aprende que Independência foi pacífica, Dom Pedro levantou a espada e gritou ‘independência ou morte’. Mas não falam da verdadeira independência, que se deu quando os baianos expulsaram os portugueses em 2 de julho de 1823”, ressaltou.

Lula afirmou também que a defesa das instituições e da produção cultural do Brasil faz parte também da luta pela soberania nacional. “Um país que não tem cultura não é soberano. Um país que não permite que seu povo exerça sua cultura em sua plenitude não pode ser soberano. A questão da cultura é essencial para o futuro deste país. A nossa meninada tem que aprender a ir ao teatro, ao cinema, em shows”, disse.

Assista na íntegra:

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