Para Lula, “um país que não tem cultura é um país pobre, um país triste”

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No último ato público de sua viagem ao Nordeste, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou de um encontro em defesa da cultura nacional e regional no centro histórico de São Cristóvão, o primeiro município fundado em Sergipe, que fica junto à capital, Aracaju. Em seu discurso na noite de hoje, 18, ele afirmou que a cultura popular brasileira é um bem que precisa ser defendido.

“Um país que não tem cultura é um país pobre, um país triste, um país que o povo não se manifesta. Porque através da manifestação cultural é que a gente mostra que tipo de povo que a gente é, que tipo de mulheres e homens nós somos, que tipo de sociedade a gente tem”, disse o ex-presidente. “Quem tem medo de cultura é quem tem medo de democracia, é porque tem medo do povo”

Para ele, a tentativa de se sufocar as manifestações culturais é fruto de uma política de dominação com as poucas políticas educacionais verdadeiramente inclusivas que podem ser observadas ao longo dos primeiros séculos da história do Brasil.

“No Brasil, a cultura popular sempre foi uma coisa criminalizada. O samba foi criminalizado até a década de 1930, as pessoas não podiam bater um pandeiro, tocar um violão perto do Theatro Municipal no Rio que elas iam presas, por isso o samba subiu o morro. A capoeira era criminalizada, as pessoas que jogavam eram consideradas marginais. A cultura era tão banida no Brasil que o país foi descoberto em 1500 e a primeira universidade brasileira só foi feita em 1920. O que significa isso? A Coroa portuguesa e a elite brasileira nunca levaram em conta a necessidade do povo aprender, ler, ir para a escola. O interesse era manter o povo na mais profunda ignorância”, declarou.

Críticas ao governo

Lula também criticou o atual governo, primeiro por ter acabado com o Ministério da Cultura ainda em 2019, mas mais recentemente pelo veto do presidente Bolsonaro ao projeto de lei que foi criado para aliviar os prejuízos causados pela pandemia de Covid-19 aos trabalhadores e trabalhadoras da cultura.

“Esse cidadão que governa o Brasil teve a pachorra de acabar com o Ministério da Cultura, porque para ele a cultura não presta”, ressaltou. “Depois, o Congresso aprovou a Lei Paulo Gustavo, eram R$ 3,8 bilhões para ajudar artistas pelo Brasil. Ele vetou, agora o Congresso tem de derrubar esses vetos”. 

O ex-presidente, que vem fazendo reuniões com representantes do setor cultural em suas várias visitas a diferentes estados brasileiros, reafirmou sua intenção de recriar o Ministério da Cultura, caso seja reeleito, e de espalhar comitês estaduais e municipais de cultura pelo país. Para ele, essas ações são necessárias para ampliar a inclusão de milhões de brasileiros, especialmente nos locais mais necessitados. 

“Vamos transformar a cultura em uma indústria cultural, mas também uma indústria econômica. Porque ela pode gerar milhares de empregos”, finalizou.