Com o arquivamento em definitivo da denúncia contra Lula no caso do Tríplex do Guarujá pela justiça do DF, fica evidente, mais uma vez, a parcialidade da imprensa na hora de noticiar os eventos que compõem o caso. Desde o começo da Lava Jato e das acusações contra Lula, existe muito mais espaço para as acusações contra o ex-presidente do que para suas vitórias na justiça – são 23 vitórias até o momento. As decisões judiciais deixam evidente não apenas que Lula é inocente, como também o intenso lawfare de que foi o ex-presidente vítima, fato corroborado inclusive pela comprovada suspeição de Moro.
E impossível não falar também do Jornal Nacional, o de maior audiência do País, que teve um papel fundamental na formação da opinião pública sobre a Lava Jato e na transformação de Sergio Moro, à época, em herói nacional. No dia 11 de maio de 2017, por exemplo, o JN exibiu uma edição especial de 53 minutos e 18 segundos (o normal são 30 minutos) dos quais 42 minutos e 32 segundos foram gastos com material sobre Lula – 80% do tempo do jornal. Nesse dia, foi exibido o depoimento de Lula a Moro, em Curitiba, sob tons de deboche dos dois apresentadores. Ao todo, durante o processo, foram 80 horas de reportagens contra Lula.
Para além disso, existe também diferença de tratamento por parte da imprensa da condenação injusta e do arquivamento definitivo do processo. Tomemos por exemplo a Folha de S. Paulo, um dos jornais de maior circulação do País. Na época da condenação de Lula, seis colunas davam conta da notícia na capa o jornal. Agora, apenas uma notinha de rodapé.
E por falar em suspeição, também fica evidente a diferença de tratamento dada pela mídia tradicional à condenação de Lula, totalmente injusta e baseada em lawfare, e à suspeição de Moro. Enquanto a condenação mereceu capas de grandes jornais, como a Folha de S. Paulo, sempre em tons alarmistas e sensacionalistas, o julgamento do ex-juiz e ex-ministro de Bolsonaro foi tratado em termos técnicos, sempre com amplo espaço para o contraditório.
A imprensa reclama hoje, com razão, da perseguição que seus profissionais e os próprios veículos vêm sofrendo pelo governo Bolsonaro. Porém, o caminho para a eleição de Bolsonaro não se construiu sozinho. Conceder isonomia no tratamento é função primordial da imprensa. Lula merece respeito.