Vacinação sofre retrocesso histórico nas mãos de Bolsonaro

A cobertura vacinal contra a poliomielite caiu para 69,47% em crianças com até um ano. Opas incluiu o país na lista de alto risco de reintrodução da doença

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Cadê o Zé Gotinha? Nas mãos de Jair Bolsonaro os níveis de vacinação do Brasil atingiram os patamares de 1980. A queda na cobertura vacinal começou a ser sentida em 2016, ano do golpe contra Dilma Rousseff, e entrou em queda brusca depois da eleição de 2018. Em maio deste ano a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) incluiu o Brasil na lista de países com alto risco de reintrodução da poliomielite.

O problema é que a cobertura atual está em 69,47% em crianças com até um ano, um dos piores níveis da série histórica. E para garantir que a doença permaneça erradicada, ao menos 95% das crianças devem estar vacinadas, o que não acontece, justamente, desde 2015.

O discurso antivacina de Bolsonaro, fato inédito na história do país, associado ao desmonte do Ministério da Saúde, colocaram a população brasileira em risco, sobretudo as crianças.

Gráfico mostra a queda vertiginosa da taxa de vacinação contra a poliomielite

A possibilidade da volta da poliomielite, enfermidade com consequências gravíssimas, que causa paralisia infantil e pode ser fatal, é um dos maiores retrocessos em saúde pública na história do Brasil. Erradicada no Brasil em 1994, ela chegou a ser uma das doenças mais temidas no mundo. Na época, a estratégia adotada para a eliminação do vírus em território nacional foi centrada na realização de campanhas de vacinação em massa com a vacina oral contra a pólio.

O Programa Nacional de Imunização (PNI) evoluiu desde então, e chegou ao ápice nos governos do Partido dos Trabalhadores. 300 milhões de doses de imunizantes eram distribuídas todos os anos, sendo aplicadas em mais de 38 mil salas de vacinação espalhadas pelo Brasil. Toda essa estrutura fez o país se tornar uma referência mundial em controle de doenças.

Mas o descaso com a imunização desarticulou esse sistema. O auge ocorreu durante a pandemia: o governo federal criou uma consulta pública para decidir se a vacina contra a Covid-19 deveria ou não ser incluída no SUS. Na época, o ex-presidente Lula reagiu. “Quando eu era presidente, surgiu a H1N1. Em três meses vacinamos 83 milhões de pessoas. O nosso país tem cultura de vacinação, tem o SUS, que os bolsonaristas tanto destratam, profissionais que se dedicaram muito. E o Bolsonaro mandou o Zé Gotinha embora, pensou que ele era petista. Ele era um humanista, suprapartidário”, disse.