O aumento sucessivo nos preços dos alimentos e da energia e as taxas de juros elevadas arrastaram as famílias brasileiras para uma rotina de dívidas e de inadimplência. Pesquisas divulgadas nesta semana pela Confederação Nacional de Indústria (CNI) e pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) revelam que quase 80% das famílias tinham dívidas em julho e que uma em cada quatro pessoas não consegue pagar as contas em dia.
Os resultados, segundo reportagem do jornal O Globo, mostram como o aperto nas contas está levando as famílias a rever os gastos com lazer, roupas, viagens, idas a restaurantes, transporte público e até deixando de comprar medicamentos. A principal causa é a inflação, com constante aumento nos preços dos alimentos e perda do poder aquisitivo.
“A inflação permanece alta, especialmente em bens com peso maior para famílias mais pobres, como alimentos. A tendência é que a gente tenha uma sequência de novas altas de endividamento e inadimplência, principalmente entre famílias que recebem o Auxílio Brasil, disse a economista da CNC, Izis Ferreira, em entrevista ao jornal.
Em média, as famílias brasileiras comprometem 30,4% da renda com pagamento de dívidas. Mas 22% estão com mais da metade do orçamento comprometido com o endividamento. E 29% delas estão inadimplentes, com algum tipo de conta ou dívida não paga, mesmo diante de uma realidade de juros elevados no país. Neste mês, o governo Bolsonaro elevou a taxa Selic para 13,75% ao ano.
As diretrizes do programa de governo da Coligação Brasil da Esperança estabelecem que “o primeiro e mais urgente compromisso é com a restauração das condições de vida da imensa maioria da população brasileira – os que mais sofrem com a crise, a fome, o alto custo de vida, os que perderam o emprego, o lar e a vida em família.”
Por isso, uma das medidas a serem adotadas será a renegociação das dívidas das famílias. “Vamos promover a renegociação das dívidas das famílias e das pequenas e médias empresas por meio dos bancos públicos e incentivos aos bancos privados para oferecer condições adequadas de negociação com os devedores. Avançaremos na regulação e incentivaremos medidas para ampliar a oferta e reduzir o custo do crédito, ampliando a concorrência no sistema bancário.”
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