Adolfo Pérez Esquivel, prêmio Nobel da Paz, e Celso Amorim, chanceler do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, visitaram Lula nesta quinta-feira (16/8), na sede da Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba. Durante a visita, eles conversaram com Lula sobre o cenário latino-americano e sobre a postura de subserviência do governo ilegítimo de Temer perante os EUA e sobre a perda da soberania internacional.
Esquivel, que já havia tentado visitar Lula, mas foi impedido, afirmou que encontrou o ex-presidente com muito ânimo e força, pensando no país, no povo brasileiro e na América Latina. “A prisão dele é uma ação política, para falsificar sua imagem”, afirmou o Nobel da Paz. Esquivel falou sobre sua preocupação com a volta da fome e da pobreza no Brasil e sobre a judicialização de governos populares na América Latina, citando os casos de Rafael Correa, no Equador, e Cristina Kirchner, na Argentina.
O ativista de direitos humanos afirmou seu compromisso em levar adiante o documento com 300 mil assinaturas requerendo a candidatura de Lula ao Nobel da Paz. “Lula foi o único presidente que tirou da pobreza 36 milhões de brasileiras e brasileiros. É um feito reconhecido. Tirar milhões de pessoas da fome é construir a paz. E a paz, como a democracia, precisa ser construída. Uma democracia se constrói com igualdade de direitos para todos, mas estamos perdendo o que conquistamos”, disse Esquivel.
Ministro das Relações Exteriores nos dois mandatos de Lula, Amorim contou ao ex-presidente os detalhes da visita ao papa. Sobre a política de relações exteriores submissa do governo Temer, Amorim disse que “Lula lembrou todos os esforços que fez pela integração da América Latina, que estão sendo destruídos. Ele está revoltado com a submissão do Brasil aos Estados Unidos, que vem dar ordens sobre com quem devemos relacionar, como se fôssemos vassalos deles. O tempo que um estadunidense vinha dar ordem no Brasil tinha acabado, mas agora voltou. Ele não tem palavras para descrever sua revolta ante esse assédio a nossa soberania”.
Amorim lembrou ainda o discurso em que Papa Francisco fala sobre os golpes de estado: “O papa disse, em sua homilia, que hoje em dia os golpes começam com difamação pela grande mídia, depois vem o golpe judiciário e depois vem o golpe em si”.