Não tem sigilo de 100 anos que esconda a verdade, e os indícios de desvios e irregularidades já estão ganhando as manchetes. O Orçamento Secreto é o maior escândalo de corrupção da história do Brasil. E o pai do orçamento secreto é o próprio presidente da República, Jair Bolsonaro.
Uma das principais cabeças do monstro de corrupção a que Jair Bolsonaro deu abrigo em Brasília nos últimos anos tem nome e sobrenome: orçamento secreto. Foi assim que ficaram popularmente conhecidas as emendas de relator, instrumentalizadas pelo presidente para conseguir apoio no Congresso Nacional. Em português, é a versão bolsonarista do velho toma-lá-da-cá da política, por isso Jair Bolsonaro é o pai do orçamento secreto.
Além de conferir superpoderes inéditos a parlamentares, o esquema atropela leis orçamentárias, não publiciza valores e destinações e não garante qualquer distribuição igualitária entre os congressistas: a receita para o troca-troca de apoios e votos.
Desde o ano passado, o orçamento secreto ganhou finalidade extra, que é a de tentar barrar um eventual possível processo de impeachment por conta de todos os escândalos e ameaças democráticas que marcam a atual gestão.
Às vésperas das eleições 2022, virou um negócio bom para todos os envolvidos, menos para o Brasil. Deputados conseguem dinheiro para anunciar obras nos seus estados e tentar a reeleição e, em troca, aprovam os delírios do presidente da República.
Bolsonaro não vetou o orçamento secreto. Ou melhor: vetou, mas deixou acontecer e depois ainda liberou. O que dá na mesma.
O presidente realmente vetou duas vezes dispositivos para o Orçamento de 2020 e de 2021. Mas, na primeira vez, o vetou foi derrubado pelo Congresso. Na segunda, fez um acordo. Na prática, foi quem permitiu que tudo rolasse como a gente conhece hoje em dia.
Já em 2022 e 2023, Bolsonaro sancionou o projeto sem vetos relacionados ao orçamento secreto. Ou seja, autorizou que a prática continuasse.
O governo, em tese, controla o pagamento dessas emendas, porque escolhe quando e a que deputado beneficiar. É como se o dinheiro deixasse de ser público e organizado pelo Congresso e passasse a “ser” daquele único deputado beneficiado. Não seria tão grave se o dinheiro fosse destinado a compras e obras de que cada estado realmente necessita, mas não é.
A realidade é R$ 1 bilhão desviado no Bolsolão do asfalto, um governo que entregou um asfalto que desmancha e tem uma qualidade tão baixa que é apelidado pelos moradores de “asfalto sonrisal”. E tem ainda município com mais caminhão de lixo do que lixo. Ou a cidade mais banguela do Brasil, Pedreiras, no Maranhão, que tem 39 mil habitantes, mas realizou 540,6 mil extrações de dente em um ano. É como se cada morador tivesse arrancado 14 dentes! A conta não fecha!
A coisa piora, porque para garantir o orçamento secreto, Bolsonaro tira do povo.
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