A organização internacional Repórteres Sem Fronteiras (RSF) vem observando as eleições no Brasil atentamente por se tratar de um importante termômetro da democracia. O acompanhamento não ocorre somente na América Latina, mas em todo o mundo ocidental.
Um dos primeiros aspectos que demonstram o declínio das democracias são as agressões à imprensa. Neste sentido, a organização afirma, em texto publicado no site, que “o presidente Jair Bolsonaro fez dos ataques contra a imprensa uma das marcas do seu mandato. Apoiado por uma base cada vez mais virulenta e sustentado por campanhas de desinformação, ele prejudicou significativamente a liberdade de imprensa e o direito à informação no país. Sua reeleição representaria uma séria ameaça ao direito à informação confiável e à democracia brasileira”.
Segundo relatório publicado pela RSF, somente no primeiro semestre do ano passado, Bolsonaro atacou diretamente a imprensa 87 vezes nas redes sociais. A falta de respeito de Bolsonaro com jornalistas não são novidade para os brasileiros e foi novamente performada por ele durante o debate da Band no primeiro turno em que ele agrediu a jornalista da TV Cultura Vera Magalhães.
Para a RSF a desinformação e os ataques à imprensa livre fazem parte de um método de governo que trabalha para confundir e, consequentemente, manipular a opinião pública, tirando a credibilidade dos jornalistas profissionais. “Este método lhe permitiu espalhar suas mentiras sobre o desmatamento na Amazônia, manipular informações sobre a pandemia, decretar sigilo de 100 anos a informações que comprometem sua família e abafar denúncias de corrupção dentro do governo”, informa publicação da organização.
A liberdade da imprensa é um dos fatores-chave para mensurar a saúde da democracia de um país. O Brasil foi da 102ª posição para a 110ª no ranking elaborado pela RSF. “O país ocupa agora o 124º lugar no indicador de segurança. Se Jair Bolsonaro for reeleito, os riscos de uma maior degradação desses índices são imensos. Na véspera das eleições, o direito à informação está mais do que nunca em perigo e a democracia brasileira, na corda bamba”, publica a RSF.
A Repórteres Sem Fronteiras vem observando que os ataques à imprensa durante as eleições ocorrem de forma coordenada. Análises dos ataques contra jornalistas e veículos nas redes sociais revelam que as expressões de violência seguem uma coerência e têm o objetivo de silenciar a imprensa.
As mensagens e hashtags são disseminados por perfis que definem alvos e temas que devem ser confrontados em diferentes momentos. “Chama atenção ainda que algumas das contas com grande número de publicações agressivas contra a imprensa foram criadas há pouco tempo”, diz trecho de reportagem publicada pela RSF.
“Nesses casos, também há um grande predomínio de compartilhamentos de postagens de autoria de outros perfis que atacam a imprensa e pouca interação com a comunidade do Twitter sobre outros temas, de maneira orgânica. Os exemplos sugerem que muitas contas que realizam grande quantidade de postagens ofensivas à imprensa no período eleitoral podem ter sido criadas exatamente com este objetivo”.
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