Milhares de pessoas compareceram na manhã de 11 de agosto à Faculdade de Direito da USP, no centro de São Paulo, para mostrar apoio a manifestos da sociedade civil em defesa da democracia brasileira. Em formato de carta, a iniciativa pró-democracia vem colhendo assinaturas desde seu lançamento, há algumas semanas. Também desde então, o bolsonarismo esperneou e decidiu fazer sua própria versão de “manifesto”, nesse caso, um amontoado de mensagens golpistas. Como sempre faz, usou robôs e dinheiro para inflar artificialmente as adesões à sua carta.
Uma reportagem da Agência Pública mostra que robôs ajudaram a “bombar” o manifesto bolsonarista. Segundo o levantamento, metade dos perfis que tuitaram a favor do manifesto bolsonaristas têm “indícios de automação”, ou seja, provavelmente são robôs. Já mostramos como funciona o engenhoso sistema que coloca robôs para terem reações semelhantes às humanas e, assim, convencer pessoas de verdade de que determinado assunto está sendo aceito e apoiado.
Quando um manifesto pró-democracia incomoda, algo se revela
De acordo com os termos de uso do Twitter, a existência de robôs não é proibida na rede, mas sim sua utilização para “amplificar artificialmente ou prejudicar conversas”. Não à toa, o que o bolsonarismo faz todos os dias.
A Pública também revelou outra parte do funcionamento da máquina de desinformação, a saber, a distribuição bastante capilarizada das narrativas golpistas e as fakes news “do dia”. Somente no Telegram, 109 publicações divulgaram o texto da extrema-direita. A maior parte reproduzia o link para o manifesto e chamava o público para assiná-lo. Esse tipo de levantamento é parte do projeto Sentinela.
Além do Telegram, foram identificados também ao menos dois anúncios pagos no Facebook que sugeriram a assinatura do texto bolsonarista. É verdade que também existiram anúncios divulgando o manifesto da USP. O problema está no uso da automação para confundir o debate público e, como vimos em outras ocasiões, no fato das plataformas digitais ganharem dinheiro com as contas falsas que deveriam combater.
Por fim, ainda que seja contraditório Bolsonaro, eleito democraticamente, se incomodar com manifestações pró-democracia, a verdade é que ele tem o direito de expor suas ideias. É importante ficar claro à sociedade, também, que Bolsonaro tem um projeto específico para o Brasil. Um projeto que deixou morrer 400 mil pessoas por negligência na compra de vacinas e até hoje se gaba disso.
De um lado, gente, democracia e esperança. Do outro, robôs, mentiras e morte.
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