“A situação é de uma gravidade gigantesca porque o Bolsa Família, nos atuais patamares, já seria insuficiente para dar conta da calamidade que o Brasil vive”, denuncia Tereza Campello, ex-ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome no governo Dilma Rousseff, em referência ao pacote preparado pelo governo ilegítimo de Temer e do PSDB para reduzir em 50% o orçamento do Bolsa Família para o próximo ano.
Para manter o programa com o tamanho de 2018, hoje com 13,3 milhões de famílias (mais de 43 milhões de pessoas), o governo ilegítimo deveria repetir o orçamento anual de 30 bilhões de reais. Mas a previsão montada para o próximo ano é de apenas 15 bilhões. Isso significa a exclusão de 22 milhões de brasileiros do programa social, 11 milhões deles apenas na região Nordeste.
“Não é um corte marginal, não é um ajuste. É 50% de corte no Bolsa Família às vésperas da eleição. Eles perderam completamente o pudor, inclusive podendo gerar uma situação de pânico nas famílias”, pontua.
Ainda segundo Campello: “é muito rápido, você passa 13 anos para conseguir tirar o Brasil do Mapa da Fome. Com três meses uma criança entra em situação de desnutrição e, rapidamente, perdemos uma geração. Do ponto de vista, de médio a longo prazo, o Brasil está jogando seu potencial na lata do lixo”.
O grupo que hoje ocupa o Executivo, encabeçado por Temer e pelo PSDB, sempre defendeu o corte. Após o golpe de 2016, o partido de Temer lançou o programa “uma ponte para o futuro”, indicando redução no Bolsa Família que chegaria eventualmente a atender apenas 5% das famílias brasileiras em situação de risco. Com o corte definido para o próximo ano, o governo caminha para esse objetivo, pois diminui o atendimento para 10% das famílias, completa Campello.
O Bolsa Família, criado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2004, é o maior programa de transferência de renda no mundo, reconhecido internacionalmente e exemplo para diversos países. Ele foi um dos principais responsáveis por retirar o Brasil do Mapa da Fome da ONU. Durante os governos de Lula e Dilma, foram retiradas 39 milhões de pessoas da extrema pobreza.
A cada um real investido no programa, R$ 1,78 retorna para a economia. Isso quer dizer que o corte de R$ 15 bilhões implementado por Temer e seus comparsas tucanos implica em uma perda de R$ 26,25 bilhões para o PIB.
Assista à entrevista de Tereza Campello para o GGN:
Do Jornal GGN