Trabalhadores vão voltar a ter os reajustes necessários, diz Lula

O ex-presidente participou de um evento cultural no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, na noite desta sexta-feira, 5

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luciana sérvulo, lula e clara ant no lançamento no abc

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou, na noite desta sexta-feira, 5, de um evento cultural no prédio que marcou sua vida: a sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo. Em seu discurso, no encerramento da atividade, ele disse que se voltar a ser eleito presidente da República, o povo voltará a ter um representante para fazer medidas necessárias e urgentes para os trabalhadores, como uma atualização da tabela do Imposto de Renda.

“Quero dizer que, se voltar, a classe trabalhadora vai voltar a ter alguém que vai na porta da fábrica dizer que vamos fazer os reajustes necessários no Imposto de Renda”, afirmou ele. “Vocês sabem que no meu governo, 90% das categorias tinham aumento real acima da inflação e o salário mínimo aumentava junto com o PIB.”

A tabela do salário mínimo não tem reajustes desde 2015. Na eleição de 2018, Paulo Guedes prometeu isentar todos os trabalhadores com renda de até R$ 5 mil, mas a correção nunca foi feita.

O ex-presidente relembrou que, das 22 milhões de vagas de emprego criadas durante os governos do PT, mais de 1 milhão foram para metalúrgicos. Hoje, ao contrário, milhões de brasileiros desempregados precisam apelar para atividades como o trabalho por aplicativos, que na situação atual não garantem nenhum tipo de direito para os trabalhadores.

“O Brasil está numa situação pior do que eu peguei em 2003. Vocês sabem que a taxa de juros voltou a subir, está em 13,5% e não deve parar de subir, por irresponsabilidade do governo. Este país, que é o terceiro maior produtor de alimentos do mundo, hoje tem 33 milhões de pessoas passando fome e outros milhões em insegurança alimentar. O povo tá ganhando menos, o salário tá arrochado, as pessoas não têm salário, não têm 13º, férias, Isso não pode continuar”, afirmou.

Histórias de luta

Durante o evento, no Sindicato dos Metalúrgicos, foram lançadas duas obras falando sobre momentos importantes da trajetória de Lula. Primeiro, foi exibido um curta-metragem de 30 minutos, chamado “Lula – Os Bastidores da Vitória”, com imagens do dia em que o ex-presidente foi eleito, em 27 de outubro de 2002. Depois, foi lançado o livro “Quatro Décadas Com Lula – O Poder de Andar Junto”, de Clara Ant.

A diretora do curta-metragem, Luciana Sérvulo da Cunha, foi ao palco contar sobre a história da produção. Segundo ela, as imagens ficaram quase duas décadas guardadas, aguardando o momento certo. O filme traz um registro da apuração no dia do segundo turno em 2002, entrevistas com militantes históricos como Sérgio Mamberti, Marco Aurélio Garcia, Benedita da Silva e outros, além de trechos do discurso de Lula na Avenida Paulista.

“Fui convidada a ir ao hotel  Intercontinental acompanhar a apuração. Pensei “Lula vai ganhar, preciso registrar esse momento”. Montei uma pequena equipe, nunca tinha feito um documentário na vida, mas fomos lá e registramos. Depois fiquei com as imagens, mas nunca era o momento certo, então aguardei. Agora, duas décadas depois, chegou a hora”, contou Luciana.

Em seguida, foram lidos trechos do livro “Quatro Décadas com Lula”. A arquiteta, militante e ex-deputada estadual Clara Ant falou sobre a experiência de tantos anos ao lado do ex-presidente, que conheceu em 1981. Ela foi assessora de Lula em todas as campanhas entre 1991 e 2002 e foi assessora especial da Presidência nos dois mandatos dele.

“Nesses anos todos, viramos amigos de verdade, de contar as coisas boas e as coisas ruins. Falo pouco da amizade no livro, mas falo da trajetória de quatro décadas e da importância das pessoas que deram esteio e sustentação a ele. Estivemos juntos no velório do Chico Mendes, em todas as campanhas, na presidência”, contou Clara Ant, que também foi diretora do Instituto Lula.