União Africana, FAO e Instituto Lula somam esforços para combater a fome na África

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Adis Abeba, 21 de novembro de 2012 (editado em 16 de março de 2013) – A Comissão da União Africana (AUC), a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e o Instituto Lula anunciaram hoje que estão somando esforços para erradicar a fome e a desnutrição na África.

A decisão foi tomada em uma reunião entre a presidenta da Comissão da União Africana, Nkosazana Dlamini Zuma, o diretor geral da FAO, José Graziano da Silva, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que é presidente honorário do Instituto que leva seu nome.

Esse esforço junta a liderança da União Africana, a experiência técnica e o comprometimento constante de combate à fome da FAO e a experiência política do ex-presidente Lula. O conhecimento e o apoio de outros parceiros internacionais, regionais e nacionais fará com que essa parceria tenha sua força ainda mais amplificada.

Durante o encontro, que aconteceu na sede da União Africana, em Adis Abeba, as três entidades envolvidas concordaram em convocar uma reunião de alto nível com líderes africanos e internacionais sobre “Novos enfoques unificados para acabar com a fome na África”. A reunião acontecerá em Adis Abeba, nos dias 30 de junho e 1º de julho de 2013.

“A Segurança alimentar é uma das prioridades-chave da União Africana. A África tem o potencial para aumentar sua produção agrícola, já que quase 60% das terras aráveis do continente ainda não são utilizadas. Esse enorme potencial pode fazer uma diferença significativa na melhora de nossa produção agrícola e segurança alimentar. É hora de ir além da agricultura de subsistência e considerar caminhos para embarcar em uma produção agroindustrial”, disse Dlamini-Zuma.

O ex-presidente Lula ressaltou sua vontade de compartilhar com a FAO e a União Africana as experiências bem-sucedidas no Brasil no combate à fome e na distribuição de renda por meio de transferências monetárias e de um desenvolvimento mais inclusivo. Ele também falou sobre o “milagre” necessário para impulsionar a produção agrícola.

“O milagre é permitir que os pequenos tenham acesso a crédito e a tecnologia. Nós queremos que as pessoas aprendam que, com crédito e tecnologia, elas vão produzir mais, comer mais, vão vender mais e vão ter recursos em caixa para ter acesso a bens materiais e para cuidar melhor da família”, disse Lula.

“A construção de uma alimentação e nutrição seguras na África com segurança alimentar e nutricional requer uma melhor governança, vontade política renovada e um forte comprometimento de trabalhar conjuntamente através de programas inovadores e abrangentes de segurança alimentar e nutricional e de estratégias envolvendo todas as partes interessadas”, disse Graziano. “Esse é um esforço conduzido pela África, com o apoio de parceiros, como a FAO e o Instituto Lula”, acrescentou.

Dlamini-Zuma, Lula da Silva e Graziano da Silva concordaram que é importante centrar esforços no fortalecimento da participação de mulheres na agricultura e nos sistemas agro-alimentares e no investimento na infância e na juventude.

“As mulheres estão muito envolvidas na agricultura, por isso, nossos programas devem levar em conta o enfoque de gênero e a participação da juventude”, disse a presidenta Dlamini-Zuma. “Nós também concordamos em trabalhar juntos em uma das iniciativas emblemáticas da União Africana, o Programa de Desenvolvimento em Infraestruturas na África (PIDA), para promover a infraestrutura do continente. Sem infraestrutura nós nunca poderemos alcançar nosso potencial máximo de desenvolvimento”.

Os três líderes discutiram a relação entre conflitos, fome, paz e segurança alimentar. “A segurança alimentar é a melhor arma para promover a paz”, resumiu Graziano da Silva.

Uma África sem fome – visão compartilhada

A parceria será baseada na visão comum de que uma África sem fome é possível e que esforços concentrados podem alcançar melhorias tangíveis na segurança alimentar e nutricional revertendo o aumento da fome que elevou o número de desnutridos no continente de 175 milhões no início dos anos 90 para 239 milhões hoje.

Embora o continente africano ainda tenha muitos desafios, Zuma, Lula e Graziano mostraram que há muitos exemplos positivos no continente, de países que tiveram avanços significativos em segurança alimentar e nutrição. O sucesso deles, assim como outros exemplos positivos, como o brasileiro, podem ser usados para aprender e construir sobre aquilo que já funciona.

Entre as áreas de foco da ação, os lideres concordaram sobre a necessidade de ampliar e construir a partir de iniciativas bem-sucedidas e de promover o intercâmbio de conhecimento entre os países. Eles também destacaram que o diálogo de alto-nível precisa ser facilitado para reforçar o compromisso político na luta contra a fome, a insegurança alimentar e a desnutrição.

A reunião deixou claro que ainda há muito a ser feito em termos de coordenação, alocação e desenvolvimento de recursos financeiros e humanos e também do fortalecimento das capacidades institucionais regionais e nacionais. É nesse contexto que a parceria proposta procura agregar valor aos esforços existentes por meio de ações concretas para melhorar a segurança alimentar e nutricional na África.

Aprendendo e construindo sobre o que funciona

A parceria renovada pretende identificar todos os fatores políticos, econômicos, sociais e humanos que levam a melhorias sustentáveis no crescimento inclusivo, na segurança alimentar e em resultados nutricionais. Ela vai proporcionar valor agregado a iniciativas e programas em curso, aproveitando o compromisso político sustentável e criando o impulso necessário para um maior empenho de outras agências, tanto nacionais quanto internacionais, envolvendo o setor privado, fortalecendo o papel da sociedade civil, da aprendizagem entre pares a partir de experiências bem-sucedidas dos países e capitalizando a partir de novas formas de parcerias inovadoras e solidárias.

Ouça abaixo a fala de Lula durante o encontro na Etiópia