“Nós estamos aqui porque acreditamos que esse projeto é o projeto que realmente tem a ver com o que cremos. O projeto que vai tirar as pessoas da fome, vai devolver o direito aos trabalhadores e trabalhadoras e vai devolver o progresso ao Brasil”, discursou o Pastor Ariovaldo Ramos, líder da Comunidade Cristã Renovada, diante de 300 convidados para o encontro do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com evangélicos, em São Paulo (SP).
Ariovaldo e mais de 100 pastores e pastoras de 80 denominações religiosas receberam do ex-presidente a “Carta Compromisso com Evangélicos”. “O senhor nunca fechou igrejas, nunca tirou a liberdade da gente, o senhor sempre tratou a gente com deferência e honra, o senhor teve uma relação republicana com todas as religiões e atendeu o anseio de todos nós quando promulgou a lei de liberdade religiosa”, disse ele a Lula.
O pastor conclamou os irmãos presentes a espalharem a verdade. “Somos mais de 87 milhões de pessoas. Temos a responsabilidade de sair daqui dizendo a verdade, consagrando mais uma vez a verdade no seu lugar de honra, dizendo que temos um projeto político que honra os pobres, as viúvas e órfãos e que estamos com esse projeto e esse projeto tem uma liderança clara que é o nosso companheiro Luiz Inácio lula da silva”. ““Nós optamos por ficar do lado da verdade, somos contra essa onda de fake news e somos contra o uso da nossa fé para espalhar a mentira, a inverdades e para destruir o nosso povo”, afirmou.
Inclusão social
Frequentadora da Assembleia de Deus, Ava Santiago, vereadora e presidenta do PSDB de Goiânia (GO), fez um discurso profundo no qual disse que a comunidade evangélica vê a fé sendo vilipendiada em nome de supostos valores cristãos e suposta defesa das infâncias, enquanto há corte de orçamento para ações voltadas para as crianças. “E defesa das infâncias se faz igual o senhor fez quando era presidente, priorizando a alimentação na escola, priorizando o combate à exploração sexual infantil. E é por isso que declarei voto no senhor já no primeiro turno”, disse a goiana ao ex-presidente Lula, reconhecendo a importância dos governos petistas para inclusão social que beneficiou jovens pobres filhos de evangélicos.
No encontro que teve a participação do pastor Oliver Costa como mestre de cerimônias e que foi marcado por cânticos e orações, Ava contou que ela própria é beneficiária dessas políticas, já que entrou na universidade pública, assim como a mãe teve condições melhores para criar ela e o irmão, quando perdeu o marido, que era pastor, vitimado por um acidente. “O senhor permitiu que filhos e filhas dos crentes pudessem viver melhor e pudessem sonhar. Faço um apelo às minhas irmãs e irmãos: não permitam o sequestro da nossa fé. Já nos convertemos a Jesus, não temos que converter a Bolsonaro”, disse, destacando preferir mil vezes ser de uma igreja perseguida do que de uma igreja que persegue.
Instrumentalização da fé
Senadora pelo Maranhão, a pastora Eliziane Gama (Cidadania) afirmou que o Brasil vive claramente um momento de instrumentalização da fé, o que é pecado, portanto, inaceitável porque o evangelho de Jesus é maior do que isso. “Igreja não é lugar para política, mas para oração, proteção e cuidado”, afirmou. Para ela, a carta compromisso é uma demonstração de que o ex-presidente Lula respeita a fé, ama a todos e tem sensibilidade.
“O senhor é católico que respeita a todos de forma igualitária. Foi assim quando sancionou a Lei da Liberdade Religiosa, foi assim quando sancionou a Marcha para Jesus, foi assim com tantas e tantas iniciativas para os evangélicos. A tentativa de divisão da igreja não vai prosperar porque a igreja do senhor é propriedade exclusiva de Deus”, disse, acrescentando que estará ao lado de Lula para reconstruir o Brasil e trazer de volta o sentimento de tolerância. A senadora afirmou que o evangelho da cruz, que a comunidade evangélica que está com Lula prega, é da paz, da tolerância e do perdão.
Igreja é lugar de oração
A deputada Benedita da Silva e a ex-ministra Marina Silva também destacaram em suas falas a essência da fé cristã, em que o templo deve ser lugar de oração e não de fazer política. Marina lembrou que Lula não fez nada que atacasse os evangélicos, como fechar igrejas, mentira que circula nas redes sociais. “O Brasil é Estado laico. Estado laico é uma benção, é uma instituição sofisticada para não discriminar ninguém”.
Benedita afirmou que muitos não tiveram tempo de se qualificarem politicamente e tomam posse do evangelho para fazer uma disputa política. “Não podemos nos enganar. Não tem nada a ver com religião. É uma disputa política, sim, fazendo uso da sua liderança diante de nossas igrejas para tornar o púlpito de nossas igrejas um verdadeiro palanque. Como cidadão e cidadã você pode votar em quem você quiser”, disse, lembrando que nos tempos dos governos petistas com Lula e Dilma houve respeito às igrejas e religiões, além de inclusão social com retirada de pessoas da fome.