Fernando Haddad (PT) concedeu coletiva na manhã desta segunda-feira (15/10), em que destacou mais uma vez os riscos que a democracia brasileira corre com a candidatura de Jair Bolsonaro (PSL) à presidência da República. O candidato da coligação O Povo Feliz de Novo afirmou que não está poupando esforços para evitar o pior. “Estamos lidando com um dos piores parlamentares da história, como se fosse banal o que está acontecendo”, disse ele, ressaltando que pessoas como o ombudsman da Folha de S.Paulo e a jornalista Miriam Leitão estão chamando a atenção para esse risco. Haddad salientou ainda que “o governo teria que ser mais amplo do que nunca para garantir uma transição do atual estado de coisas para uma normalidade democrática”.
Ele afirmou que ninguém da imprensa questionou seu adversário sobre ter chamado Dom Paulo Evaristo Arns de “picareta e vagabundo” em discurso na tribuna da Câmara dos Deputados. “Ninguém até hoje teve a coragem de perguntar. E eu entendo o medo, porque vocês podem sofrer consequência de uma pergunta dessa, caso ele seja eleito. Vocês podem sofrer perseguição, podem ser demitidos. Para mim, vocês perguntam tudo. Sabem por quê? Porque a liberdade de imprensa está assegurada num governo meu, e a liberdade religiosa também. Mas eu entendo o medo de vocês. A ameaça, realmente, é muito grande”.
O candidato salientou que é um democrata, com uma vida dedicada à democracia, enquanto seu adversário tem uma vida dedicada à ditadura. “Quem questiona a democracia não sou eu. Eu respeito a vontade popular. Tanto é que os democratas estão todos contra a candidatura do Bolsonaro, mesmo quem não se posiciona em favor da minha”, disse, ao ser peguntado se aceitaria uma derrota nas urnas.
O candidato lamentou a escalada de violência no país promovida por apoiadores de Bolsonaro. Ele relatou o caso de uma moça que, saindo do metrô, foi agredida porque tinha “cara de esquerda”. “É isso que está acontecendo no país, muita violência na rua. As pessoas estão com medo de se manifestar porque, quando se manifestam, sofrem constrangimento imediato, com invasão de redes sociais de gente xingando, ofendendo, ameaçando”, afirmou ele, destacando que vai lutar até o último dia para evitar que o país caia numa aventura que pode trazer consequências penosas para o país.
Sobre o uso da bandeira do Brasil, Haddad disse na coletiva que “quem bate continência para a bandeira americana é quem deveria explicar por que usa a bandeira verde e amarela. Quem desonra a própria bandeira é quem tem que dar explicação”.
Para Haddad, a proposta de Bolsonaro de ensino a distância vai destruir as escolas públicas. “Se eleitos, nós vamos deixar bem clara a proibição de educação a distância para Ensino Fundamental, como está propondo Bolsonaro. Isso criaria um problema sério, porque toda a perspectiva do mundo é educação em tempo integral, para que a criança possa conviver, se socializar, construir sua personalidade própria, tendo um professor, às vezes dois professores, à disposição”, afirmou Haddad.
Para ele, contudo, a proposta do seu adversário para a educação é coerente com o que ele quer fazer com a segurança pública: armar a população para que ela própria se defenda. “Ou seja, toda a filosofia do meu adversário é tirar do Estado as suas obrigações básicas – saúde, educação e segurança – porque é a única maneira de manter a PEC do Teto de Gastos. É uma filosofia do Estado ausente, extremamente grave, que deveria ser mais bem discutida pela sociedade”.
Haddad disse que a proposta do seu governo vai na direção contrária à da proposta de Bolsonaro para a educação: estender as horas de permanência dos alunos na escola para sete horas. Fazer uso da tecnologia também está nos planos de Haddad.
Segundo Haddad, todas as riquezas do país estão sendo entregues pelo governo Temer e continuarão sendo entregues em um eventual governo Bolsonaro. O candidato lembrou também o que Marcelo Leite escreveu na Folha de S.Paulo sobre a ameaça à Amazônia que Bolsonaro representa.