Recordar é viver. Da série: lembranças de um estadista.
Enquanto o mundo observa a crescente tensão na fronteira entre Venezuela e Brasil, vale lembrar de um presidente que lançou holofotes sobre o Brasil sem precisar envolver o país em nenhum conflito. Um chefe de Estado que priorizava a paz e o bem estar do povo brasileiro.
“No dia 10 de dezembro de 2003 eu já estava eleito presidente da República, e fui convidado pelo presidente Bush para ir aos Estados Unidos. Quando eu cheguei aos Estados Unidos, o Bush estava envolvido com a guerra ao Iraque. A guerra não tinha começado ainda, mas ele estava obsessivo e falava tanto naquela guerra, que a impressão que me dava é que já estava em guerra. E, depois de quase 40 minutos em que o presidente Bush me convencia da necessidade de combater o terrorismo, atacando o Iraque, eu disse ao presidente Bush: Presidente Bush, o Iraque não é um problema do Brasil. Eu tenho uma outra guerra para fazer no meu país, que é combater a miséria e a fome de 50 milhões de brasileiros que vivem abaixo da linha da pobreza. E eu pensei que a partir dessa declaração eu ia ter animosidade na minha relação com o presidente Bush, porque para um presidente latinoamericano exercer o mandato sem falar mal dos Estados Unidos é quase impossível. Como eu, a vida inteira, fui sindicalista e, portanto, um homem de um partido de esquerda, eu imaginava que eu ia brigar muito com os Estados Unidos. Eis que o presidente Bush terminou o mandato e eu vou terminar o meu mandato sem que tenhamos feito nenhuma briga ou nenhuma divergência entre o Brasil e os Estados Unidos. E quando a tivemos, resolvemos por telefone” – Lula, ao deixar a Presidência da República, em 2010.