O amor e a fé na mira do ódio disseminado por Bolsonaro

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“Eles não serão transformados pela força do fuzil e das carabinas. Serão transformados pela humanização da vida”. Essa palavras do padre Júlio Lancellotti sobre as pessoas da cracolândia da cidade de São Paulo traduzem o poder transformador do amor e da fé. Infelizmente, no Brasil comandado por Bolsonaro, religiosos e suas ações são cada vez mais vítimas de ataques de ódio. Padre Júlio não é o único: em julho, dois padres cearenses tiveram que ser colocados em programa de proteção a defensores de direitos humanos após serem reiteradamente vítimas de bolsonaristas. Para a metralhadora do ódio, distribuição de comida para quem tem fome e pregações lamentando a morte de mais de 550 mil pessoas na pandemia de Covid-19 são ações que merecem ser combatidas.

No sábado, véspera de dia dos pais, a polícia militar tentou impedir a distribuição de marmitas na cracolândia de São Paulo por voluntários da Pastoral do Povo da Rua, comandados por padre Júlio. Mesmo com todas as entradas do local cercadas pela polícia, os voluntários conseguiram acessar a área para distribuir comida. Em apoio a essa ação policial desumana, a deputada Janaína Paschoal (PSL) atacou Lancellotti, afirmando que ele ajudava o crime por distribuir comida na região. A resposta de padre Júlio foi certeira: “alimentar aquelas pessoas na cracolândia é uma questão humanitária. Não seria matá-los de fome que resolveria o problema”. O pároco disse ainda que “o que favorece o crime ali não é a comida, que grupos religiosos ou não religiosos levam. O que apoia o crime ali é a corrupção e o crime organizado, aquele que tem a participação de agentes de Estado”.

No Ceará, outro exemplo de ódio e perseguição a religiosos: os padres Lino Allegri e Olveira Braga Rodrigues precisaram ser incluídos em programa de proteção a defensores de direitos humanos após virarem alvo de agressões durante as missas, por whatsapp e via redes sociais. Seus crimes? Lamentarem a morte das mais de 500 mil pessoas (à época) pela pandemia da Covid-19, agravada por denúncias de corrupção e prevaricação. A leitura de nota da CNBB foi o suficiente para padre Oliveira ser interrompido aos gritos de comunista durante missa em meados de julho. Foi necessário que a polícia do Ceará garantisse a segurança no entorno da igreja para que as missas na Paróquia Nossa Senhora da Paz pudessem voltar a ser celebradas.

Mas os sinais de que o ódio não triunfará se vêem cada dia mais fortes. Após o ataque de Janaína Paschoal, as doações à Pastoral do Povo da Rua aumentaram e o apoio aos padres do Ceará veio de diversas paróquias do Brasil e do exterior. É possível consertar a destruição do ódio de Bolsonaro.