Fome no Rio de Janeiro cresce 400% na gestão Bolsonaro e atinge 2,8 milhões de pessoas

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Um cuidador de idosos desempregado que busca ovos em caçambas de lixo para garantir alguma proteína para a família. Mulheres que reviram sobras da Ceasa para catar frutas e legumes dispensados por revendedores. Uma delas correu atrás de um cachorro que levava na boca um pacote de salsicha encontrado nos restos.

Reunidas em reportagem de O Globo desta sexta-feira, 24, as histórias dramáticas, retrato cruel da situação de retrocessos que o Brasil vive nos últimos anos, tiveram como cenário o Rio de Janeiro, Estado que viu a fome crescer 400%, de 2018 a 2022, e que contabiliza hoje 2,8 milhões de pessoas com fome, o correspondente a 15,9% da população.

Os dados são detalhamento por região da pesquisa da Rede Penssan, divulgada no início de junho, e que revelou um universo de mais de 33,1 milhões de pessoas passando fome no país.

A informação regionalizada, divulgada na quinta-feira, 23, mostra também que a insegurança alimentar praticamente dobrou e atinge hoje 60% da população fluminense. Há quatro anos, o percentual era de 32,2%.

Assim como em todo o país, a fome no Estado do Rio de Janeiro tem raça, cor e endereço, de acordo com a reportagem. A mulher negra é a principal vítima dessa tragédia humanitária, resultado direto da gestão desastrosa do governo Jair Bolsonaro na condução da política socioeconômica e no enfrentamento da pandemia do coronavírus, que já matou 670 mil brasileiros.

Os dados e a ineficiência do governo são inaceitáveis especialmente pelo fato de essa realidade representar um retrocesso num país que tinha saído do Mapa da Fome, em 2014, segundo reconhecimento da ONU.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem se mostrado indignado com a situação social do Brasil, com pessoas com fome e sem onde morar.  ““Ter fome nesse país não é por causa da falta de produção de alimento.  É por falta de dinheiro para as pessoas comprarem e é por falta de vergonha na cara das pessoas que governam esse país. Não é explicável a nenhum ser humano que um país que é o terceiro produtor de alimentos do mundo, que é o maior exportador de proteína animal do planeta Terra, tenha a gente na fila pegando osso ou carcaça de frango. Não é explicável que tenha gente sem ter as calorias e as proteínas necessárias para viver”, disse recentemente.

Nas diretrizes do Programa de Governo, que está em construção pelos partidos do movimento Vamos Juntos pelo Brasil, com participação da sociedade, essas questões são prioridades. Dentre outras necessidades imediatas, as diretrizes determinam urgência no combate à fome e à pobreza, combate à inflação e redução do custo de vida, retomada do investimento para gerar emprego.