O preço dos combustíveis tem impacto direto na vida de todos os brasileiros: os preços dos alimentos nos supermercados são determinados pelo valor do frete do transporte até as prateleiras. O Brasil de Bolsonaro sente a inflação de dois dígitos pesar no bolso e no estômago de seus cidadãos, e parte da responsabilidade é do preço absurdo da gasolina, consequência da dolarização. Por isso, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva diz em todas as entrevistas: “não tem sentido o preço da gasolina ser internacional”. O ex-presidente tem batido na tecla de que não faz sentido manter a vinculação à moeda americana no preço dos combustíveis e que isso só prejudica o povo brasileiro em benefício dos acionistas internacionais.
Desde que a Petrobras adotou a política de dolarização, (ou PPI, Preço de Paridade de Importação), em 2016, os brasileiros têm sofrido com os constantes reajustes nos preços dos combustíveis motivados pelos humores do dólar americano. Para se ter uma ideia, o preço da gasolina subiu cerca de 46% em 2021. Em 2010, último ano de governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a média do preço da gasolina foi de R$2,50 e durante todo o ano, o aumento foi de apenas 2,04%.
O PPI funciona com a equiparação dos valores praticados no mercado interno para nós, consumidores brasileiros, ao do mercado externo. Só que a gente não ganha em dólar. O resultado é que a conta não fecha, e um país que é autossuficiente em petróleo tem o povo pagando mais de 8 reais no litro de gasolina, em alguns estados.
Outro motivo para a Petrobras praticar os preços em dólar é ajudar empresas norte-americanas a vender sua gasolina no Brasil. Não fossem os preços em dólar, nosso combustível seria muito mais barato e ninguém importaria combustível pra cá. Então, a solução achada pelo governo Bolsonaro para agradar os amigos gringos é aumentar o preço da gasolina brasileira para que a americana também tenha espaço.
Joaquim Silva e Luna, general do Exército nomeado por Bolsonaro como presidente da estatal, confirma o que foi dito acima. No começo deste ano, ele disse que “o abastecimento do mercado tem que ser uma oportunidade para todos” e que a “Petrobras tem responsabilidade social, mas não pode fazer política pública”. No fim das contas, temos um jogador atuando contra o próprio time.
Com pensamento diametralmente oposto, Lula e Dilma viam a Petrobras como uma peça central para o desenvolvimento do Brasil, ao contrário de Bolsonaro, que já declarou querer “se livrar da estatal” e “fatiá-la”. Com os investimentos feitos em consonância com um projeto de soberania nacional, a Petrobras teve papel decisivo no crescimento inédito que vivemos a partir de 2007 e permitiu projetos fundamentais, como o PAC e a reativação da indústria naval brasileira. A estatal alcançou o posto de 4ª maior empresa do mundo.
Esse papel de destaque permitiu, em 2007, a descoberta de uma das maiores jazidas de petróleo do mundo, o pré-sal. A Petrobras, graças aos investimentos feitos pelo governo Lula, deu um extraordinário salto tecnológico e se tornou capaz de extrair petróleo a 7 mil metros de profundidade, a 300 km da costa.
Com Dilma, a produção atingiu a marca de 540 mil barris diários, oito anos após a descoberta do pré-sal. O modelo de partilha adotado pelos governos petistas garantiu que a maior parte dos lucros dessa produção ficassem com a União. Em outros tempos, essa riqueza certamente iria para empresas estrangeiras (como volta a acontecer hoje, aliás). Dilma e Lula fizeram questão de ressuscitar a indústria naval brasileira e investir em conteúdo nacional.
E é por isso que se costumava dizer que “O pré-sal é o passaporte do futuro”, já que, além do que foi exposto acima, a Lei do Pré-Sal, sancionada pela presidenta Dilma em 2013, destinava 75% dos royalties do petróleo e 50% do Fundo Social do Pré-Sal para a educação, além e 25% dos royalties passa a saúde.
Com o golpe, em 2016, e a posterior PEC do Teto de Gastos, aprovada durante do governo ilegítimo de Michel Temer, houve um ataque letal e contínuo não somente da Petrobras mas de todas essas conquistas sociais advindas do petróleo e do fortalecimento da estatal. Foi um golpe contra o a educação, a saúde e o povo brasileiro, que começou a desenhar o cenário de terra arrasada que vemos hoje, onde o preço abusivo dos combustíveis é apenas mais um item dentre tantos problemas causados.
Esse problema causa consequências mais extensas, que chegam a afetar até mesmo a alimentação da população, que já sofre empobrecida pela má gestão que o governo fez na pandemia e também pelo alto número de desempregados. O combustível alto encarece o frete, o que tem reflexo no preço final dos alimentos, dos restaurantes, do delivery…
E é por tudo isso que Lula diz que vai “abrasileirar o preço da gasolina”. Nada mais justo, já que o dono da Petrobras é o povo brasileiro. Lula afirmou que o “preço vai ser brasileiro, porque os investimentos são feitos em real”. Abrasileirar o preço do combustível vai muito além de diminuir o preço da gasolina e do gás, o que já é muito importante, mas também significa retomar o controle de um bem que tem sido saqueado de nós e de fazer renascer o orgulho do Brasil, da Petrobras do povo brasileiro.
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