As últimas leituras de Lula na prisão

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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva completou oito meses de cárcere político na última sexta-feira (7). Desde que chegou a Curitiba, Lula tem dedicado boa parte do tempo à leitura. A seguir, confira a lista dos últimos livros que Lula leu na prisão, refletindo sobre o Brasil e o mundo.

O Petróleo – Uma história mundial de conquistas, poder e dinheiro (Daniel Yergin/Editora Paz Terra)  

Sinopse: Vencedor do prêmio Pulitzer, este livro traça a abrangente história do combustível mais importante do mundo. Colocando-o no centro das decisões mais importantes do século XX, o especialista Daniel Yergin, referência internacional no assunto, mostra de que maneira o petróleo influenciou guerras, suscitou transformações tecnológicas e gerou as maiores riquezas do planeta. Nesta edição revista, ampliada e ilustrada, povoada por nomes como Churchill, Hitler, Stálin e Saddam Hussein, o leitor brasileiro poderá encontrar também um epílogo com informações essenciais sobre o contexto brasileiro e as perspectivas do pré-sal.

A Virtude da Raiva – (Arun Gandhi/Editora Sextante) 

Sinopse: Nesta comovente história sobre o caminho da raiva para a não violência, você vai conhecer dez lições essenciais ensinadas por Mahatma Gandhi a seu neto Arun. Tratados com a leveza do olhar de um jovem, temas universais como formação da identidade, gerenciamento da raiva, depressão, solidão, amizade e família ganham a luz dos ensinamentos do maior líder pacifista de nosso tempo. Em A virtude da raiva, Arun Gandhi nos mostra como a compreensão e a luta pela justiça são a resposta tanto na hora de lidar com questões que parecem prosaicas e cotidianas, quanto frente aos principais problemas que assolam a política mundial. Este é um livro poderoso e profundo, com maravilhosos insights sobre como lidar com nossos maiores conflitos e viver com integridade e paz interior.

Grande Sertão: Veredas (João Guimarães Rosa/Editora Nova Fronteira)

Sinopse: Nesta obra de Guimarães Rosa, o sertão é visto e vivido de uma maneira subjetiva e profunda, e não apenas como uma paisagem a ser descrita, ou como uma série de costumes que parecem pitorescos. Sua visão resulta de um processo de integração total entre o autor e a temática, e dessa integração a linguagem é o reflexo principal. Para contar o sertão, Guimarães Rosa utiliza-se do idioma do próprio sertão, falado por Riobaldo em sua extensa e perturbadora narrativa. Encontramos em ´Grande Sertão-Veredas´ dimensões universais da condição humana – o amor, a morte, o sofrimento, o ódio, a alegria – retratadas através das lembranças do jagunço em suas aventuras no sertão mítico, e de seu amor impossível por Diadorim.

Zelota: a Vida e a Época de Jesus de Nazaré (Reza Aslan/Editora Zahar)

Sinopse: Dois mil anos atrás, um pregador judeu atravessou a Galileia realizando milagres e reunindo seguidores para estabelecer o que chamou de ´Reino de Deus´. Assim, lançou um movimento revolucionário tão ameaçador à ordem estabelecida que foi capturado, torturado e executado como um criminoso de Estado. Seu nome era Jesus de Nazaré. Poucas décadas após sua morte, seus seguidores o chamariam de ´o filho de Deus´. O escritor e especialista em religião Reza Aslan mergulha na turbulenta época em que Jesus viveu, reconstruindo com maestria a Palestina do século I em busca do Jesus histórico. Ao fazê-lo, encontra um rebelde carismático que desafiava as autoridades de Roma e a alta hierarquia religiosa judaica – um dos chamados zelotas, nacionalistas radicais que consideravam dever de todo judeu combater a ocupação romana. Aslan descreve um homem cheio de convicção, paixão e contradições; e aborda as razões por que a Igreja cristã preferiu promover a imagem de Jesus como um mestre espiritual pacífico em vez do revolucionário politicamente conscientizado que ele foi. ´Zelota´ oferece uma nova perspectiva sobre aquela que talvez seja a história mais extraordinária da humanidade.

O Lulismo em Crise (André Singer/Companhia das Letras) 

Sinopse: Em O lulismo em crise, André Singer enfrenta o desafio de remontar o quebra-cabeça dos anos em que Dilma Rousseff foi presidente da república e apresenta uma interpretação original para o funcionamento do sistema político-partidário brasileiro. Com prosa límpida e argumentação rigorosa, Singer explica por que o afastamento de duas vigas estruturantes do arranjo lulista — a relação com o capital financeiro e com o PMDB, o “partido do interior” — teve custo tão alto. Onças foram cutucadas com varas curtas, sem que tivesse havido mobilização de bases sociais que apoiassem a continuidade do lulismo, em sua nova versão, de reformismo forte. Em processo simultâneo, a Lava Jato acabou por galvanizar apoio de significativas frações da sociedade, tornando-se decisiva na propagação das ondas antilulistas que levariam ao impeachment. Reconstruindo de maneira minuciosa o que chama de ensaio desenvolvimentista e ensaio republicano tentados por Dilma, o autor apresenta as razões pelas quais acabou vencedora a fórmula do senador Romero Jucá do “acordo nacional”, “com o Supremo, com tudo” para derrubar a presidente.

A Ralé Brasileira: Quem é e Como Vive (Jessé Souza/Editora Contracorrente) 

Sinopse: Um clássico do pensamento social brasileiro que confere visibilidade à “ralé brasileira”, uma “classe social” jamais percebida enquanto “classe” entre nós, ou seja, nunca percebida como possuindo uma gênese social e um destino comum, e vista apenas como “conjuntos de indivíduos” carentes ou perigosos. Com base em uma profunda e consistente pesquisa empírica, este livro procura recontar, na dimensão da vida cotidiana, o drama existencial e familiar dos tipos sociais mais encontrados na ralé brasileira. Essa é uma “novela” a que os brasileiros ainda não assistiram. O livro também mostra como chegamos a construir uma ciência social dominante conservadora, e, mais ainda, a partir dela, um debate público servil ao economicismo hegemônico, que mais esconde que revela dos nossos conflitos sociais mais importantes. Trata-se de leitura obrigatória a todas as brasileiras e brasileiros que desejam compreender verdadeiramente a sua sociedade.

Cartas da prisão de Nelson Mandela (Nelson Mandela/Editora Todavia)

Sinopse: Cartas da prisão de Nelson Mandela é uma obra histórica: a primeira – e única – coleção autorizada de correspondências que abarca os vinte e sete anos em que o líder sul-africano esteve encarcerado. Lançada simultaneamente em diversos países, a publicação celebra o centenário de Mandela. Comoventes, fervorosas, arrebatadoras e sempre inspiradoras, as mais de duzentas cartas – muitas das quais nunca vistas pelo público – foram reunidas a partir de coleções públicas e privadas. O livro inclui um prefácio escrito por Zamaswazi Dlamini-Mandela, neta do grande líder. Um retrato íntimo de um ativista político que também era marido devoto, pai afetuoso, aluno dedicado e amigo fiel.

Sobre a China (Henry Kissinger/Editora Objetiva)

Sinopse: Em ‘Sobre a China’, Henry Kissinger escreve a respeito de um país que conhece intimamente e cujas relações modernas com o Ocidente ajudou a moldar. Lançando mão de relatos históricos e de suas conversas com diversos líderes chineses durante um período de quarenta anos, o autor examina como a China abordou a diplomacia, a estratégia e a negociação através de sua História, e busca refletir sobre as consequências do seu crescimento acelerado para a balança do poder no século XXI.

 

Conselhos de um Papa amigo: Palavras do Papa Francisco que ajudam a viver melhor (Andrea Tornielli e‎ Domenico Agasso Jr./Editora Canção Nova)

Sinopse: Papa Francisco se apresenta como o “Papa amigo” , que está sempre oferecendo conselhos para a nossa vida pessoal, social, em família e de Igreja. Este livro reúne inesquecíveis conselhos do Papa Francisco, verdadeiros tesouros para a Igreja e para a humanidade.

Contos e Poemas (Mário de Andrade/Editora Expressão Popular) 

Sinopse: Esta edição de Contos e poemas de Mário de Andrade, selecionados por Cláudia de Arruda Campos, Enid Yatsuda Frederico, Walnice Nogueira Galvão e Zenir Campos Reis, coordenadores da Coleção Literatura da Editora Expressão Popular, reúne narrativas e poéticas do autor cujo tema central é a vida da classe trabalhadora brasileira. Os textos foram selecionados dos títulos Os contos de Belazarte (1934), Contos novos (1947) e Poesias completas. De acordo com o objetivo desta coleção de garantir o direito à literatura e de estimular a leitura compartilhada, esta edição contêm textos para contribuição ao entendimento dos textos do autor modernista. Maria Célia Paullilo trata do percurso biográfico de Mário de Andrade como líder do movimento Modernista de 1922 e os recursos modernistas utilizados tanto na forma quanto no conteúdo dos contos. Cláudia de Arruda Campos faz uma análise do contexto literário e das experimentações estéticas modernistas que contribui para a interpretação dos poemas. E Ivone Daré Rabello abre as portas do universo literário de Mário de Andrade com a chave de Antonio Cândido: “a dialética do local e do cosmopolita”, uma apaixonante visão sobre a reinvenção literária da realidade social brasileira em seus diferentes cenários regionais. E um olhar sobre a visão solidariedade de Mário de Andrade em relação ao povo brasileiro e suas expressões culturais e artísticas.

Em busca do desenvolvimento perdido: um projeto novo-desenvolvimentista para o Brasil (Bresser-Pereira/Editora FGV) 

Sinopse: O objetivo deste pequeno livro é discutir a economia brasileira desde 1990, quando o regime de política econômica desenvolvimentista foi abandonado e o país começou a instalar um regime de política econômica liberal. É discuti-la e, principalmente, definir um projeto para o Brasil. Um projeto de desenvolvimento econômico claro e objetivo, que permita que políticos competentes, dotados de espírito republicano e solidários com seu povo, façam a crítica do liberalismo econômico e do desenvolvimentismo incompetente, e liderem o Brasil de volta ao desenvolvimento perdido.

O Tiradentes: uma biografia de Joaquim José da Silva Xavier (Lucas Figueiredo/Companhia das Letras) 

Sinopse: Enfim, a história completa: Joaquim José da Silva Xavier, O Tiradentes, ganha sua primeira biografia moderna. Apropriada para os mais diferentes fins desde o começo do período republicano, a figura de Tiradentes adquiriu o status de mito, mas curiosamente não havia ainda uma narrativa histórica que tivesse por centro a sua vida. Um das causas dessa ausência é sem dúvida a parca documentação disponível sobre o “mártir da Inconfidência”.É de grande dimensão o resultado obtido por Lucas Figueiredo: com recurso a uma pesquisa abrangente em acervos nacionais e estrangeiros, e às descobertas mais recentes da historiografia, o autor reconstitui a trajetória do alferes, desde a sua experiência familiar, os anos de juventude, quando foi mascate, o trabalho no baixo escalão dos oficiais —, enfrentando as engrenagens da burocracia estatal —, o ofício paralelo de tratar (e tirar) dentes, até seu envolvimento na Conjuração Mineira. Em paralelo, descortina-se um retrato vívido das Minas Gerais e do Rio de Janeiro do século XVIII: seus personagens, acontecimentos, e a circulação dos ideais revolucionários.Deixando para trás as especulações e os relatos fabricados, e unindo verve literária e rigor histórico, este livro é um trabalho ímpar de investigação, que dá a Tiradentes a dimensão humana apagada na formação de sua história.

Vontade Popular e Democracia: Candidatura Lula? (Eugênio José Guilherme de Aragão, Gabriela Shizue Soares de Araujo, José Francisco Siqueira Neto, Wilson Ramos Filho/Editora Canal 6)

Sinopse: Os advogados Wilson Ramos Filhos, Eugênio de Aragão, Gabriela de Araújo e José Francisco Siqueira Neto organizaram o livro “Vontade Popular e Democracia: Candidatura Lula?” com quase 300 páginas de 36 artigos de diversos intelectuais que analisam a situação de Luiz Inácio Lula da Silva, o papel das instituições e agentes públicos no impedimento de sua candidatura à Presidência da República. O prefácio é assinado pelo jornalista e escritor Fernando Morais e abre o debate para a atual conjuntura mirando o futuro. Entre os temas abordados estão a Lei da Ficha Limpa, os direitos políticos do ex-presidente, a democracia e o poder judiciário. Depois do sucesso das séries sobre o golpe, como as edições da “Enciclopédia do Golpe”, esta obra “continua cumprindo o papel que nos propormos a exercer”, segundo Wilson Ramos Filhos.

Memórias (Gregório Bezerra/Editora Boitempo)

Sinopse: Mais de trinta anos após a publicação das Memórias (1979), de Gregório Bezerra, o lendário ícone da resistência à ditadura militar é homenageado com o lançamento de sua autobiografia pela Boitempo Editorial, acrescida de fotografias e textos inéditos, e em um único volume. O livro conta com a contribuição decisiva de Jurandir Bezerra, filho de Gregório, que conservou a memória de seu pai; da historiadora Anita Prestes, filha de Olga Benário e Luiz Carlos Prestes, que assina a apresentação da nova edição; de Ferreira Gullar na quarta capa; e de Roberto Arrais no texto de orelha. Há também a inclusão de depoimentos de Oscar Niemeyer, Ziraldo, da adovogada Mércia Albuquerque e do governador de Pernambuco (e neto de Miguel Arrais) Eduardo Campos, entre muitos outros.  Em Memórias, o líder comunista repassa sua impressionante trajetória de vida e resgata um período rico da história política brasileira. O depoimento abrange o período entre seu nascimento (1900) até a libertação da prisão em troca do embaixador americano sequestrado, em 1969, e termina com sua chegada à União Soviética, onde permaneceria até a Anistia, em 1979. No exílio começou a escrever sua autobiografia. Nascido em Panelas, no Agreste pernambucano, a 180 km de Recife, Gregório era filho de camponeses pobres, que perdeu ainda na infância, e com cinco anos de idade já trabalhava com a enxada na lavoura de cana-de-açúcar. Analfabeto até os 25 anos de idade e militante desde as primeiras movimentações de trabalhadores influenciados pela Revolução Russa de 1917, Bezerra teve papel de destaque em importantes momentos políticos da esquerda brasileira, e por conta disso totalizou 23 anos de cárcere em diversos presídios e épocas. Foi deputado federal (o mais votado em 1946) pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB), ferrenho combatente do regime militar, e por essa razão protagonizou uma das cenas mais brutais da recém-instalada ditadura pós-golpe de 1964: capturado, foi arrastado por seus algozes pelas ruas do Recife, com as imagens tendo sido veiculadas pela TV no então Repórter Esso. A selvageria causou tamanha comoção que os registros da tortura jamais foram encontrados nos arquivos do exército. Apesar da dura realidade, Gregório jamais cultivou o ódio ou o rancor. Era por todos considerado um homem doce, generoso. Não foi um homem de letras, mas um grande observador e um brilhante contador de histórias. Assim é que suas páginas são narradas, sem afetações ou hipocrisia, passando pelo interior da mata e do agreste nos tempos de estiagem e seca, pelo Recife, o exílio na União Soviética, a militância no PCB. Dizia ele: “Não luto contra pessoas, luto contra o sistema que explora e esmaga a maioria do povo”. Em 1983, o Brasil perdeu este que foi um de seus grandes defensores. Para sorte dos que estavam por vir, porém, ele deixou suas memórias recheadas de verdades e esperanças e que, acima de tudo, representam a história de muitos outros “Gregórios” que transformaram o seu destino na luta para transformar a realidade instituída.

Governos do PT: um legado para o futuro (Aloizio Mercadante e Marcelo Zero/Editora Fundação Perseu Abramo)

Sinopse: “Este livro insere-se num esforço para revelar e analisar o legado dos governos do PT. Não apenas para mostrar o que foi feito no passado, mas fundamentalmente para revelar o que pode ser feito no futuro. É nosso sólido entendimento de que, se o Brasil quiser superar o golpe, a destruição do Estado e do mundo do trabalho, suas medidas extremamente regressivas e promover um novo ciclo de desenvolvimento, a base para tal superação tem de ser assentada nesse legado” – Dilma Rousseff, presidenta do Conselho Curador da Fundação Perseu Abramo.

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