Bolso vazio, carrinho vazio: a inflação acaba com a alimentação do brasileiro

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O brasileiro está pagando cada vez mais para comer cada vez menos. A inflação e a queda da renda e do poder de compra tornam mais e mais caro para o trabalhador encher um carrinho de compras e alimentar sua família. Um exemplo gritante está em São Paulo, que tem a cesta básica mais cara do país, segundo o levantamento semanal do Dieese.

Atualmente, a cesta básica na maior cidade brasileira tem um preço médio de R$ 804, um aumento de 72% desde o início do governo atual, quando ela custava R$ 467,65. Com isso, o paulistano que recebe um salário mínimo nacional de R$ 1.212 compromete dois terços da sua renda apenas para comprar os produtos básicos para sua família.

Segundo um levantamento feito pela revista Piauí, a carne é um dos principais responsáveis por esse aumento. Entre julho de 2020 e abril de 2022, o preço médio do produto subiu 46% na cidade, indo de R$ 32 para quase R$ 47. No mesmo período, o óleo de cozinha mais do que dobrou, subindo de R$ 4 para pouco mais de R$ 10 por litro.

No caso dos hortifrutis, como batata e tomate, nem mesmo a variação tradicional de preços entre a safra e a entressafra tem acontecido. Neste ano, o valor dos dois produtos subiu no período de menor oferta e não baixou mais. O quilo de tomate está custando, em média, R$ 13, o valor mais alto nos últimos anos. A batata, por R$ 8, acompanha essa tendência.

Outra comparação feita pela revista mostra a diferença do que era possível comprar em um mercado com uma nota de R$ 50 em abril de 2012 e abril de 2022. A diferença é assustadora. Há dez anos, por esse valor era possível comprar 1kg de café, 1 dúzia de bananas, 1kg de arroz, 1 litro de leite, 2kg de farinha, 1kg manteiga e 1kg de feijão. Hoje, esse valor só compra o café e as bananas.

Descontrole da inflação

Na opinião do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a inflação é um problema causado principalmente pelas políticas do governo, que não controla os preços do setor energético e de combustível, que impactam diretamente o preço dos alimentos. Em uma entrevista recente, ele também falou sobre o fim dos estoques reguladores da Conab, que ajudavam a controlar as variações de preço durante os governos do PT.

“A fome está matando, a fome chegou na casa de 19 milhões de pessoas. Nós temos 116 milhões de pessoas com insuficiência alimentar. Nós tínhamos estoque regulador de alimentos na Conab, que não temos mais. Olha como é que está o preço do feijão, olha como é que está o preço do arroz, olha como é que está a inflação, olha como é que está o preço do gás, o preço da gasolina, o preço do óleo diesel, uma vergonha”, criticou ele.

Em outras capitais, a situação não é melhor. Florianópolis, que tem a segunda cesta básica mais cara, no valor médio de R$ 788, mais de 70% de um salário mínimo líquido. No Rio de Janeiro, a cesta básica em abril de 2022 chegou a R$ 768, o equivalente a 69% do salário mínimo líquido.