Assim como a mentira tem perna curta, a verdade sempre aparece. Desde a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva, em apenas dois dias, 59 canais dedicados à milícia digital de mentiras bolsonaristas retiraram do ar, por conta própria, mais de 4,2 mil vídeos no YouTube. As informações são parte de relatório da Novelo Data a partir de dados da plataforma.
O próprio Jair Bolsonaro retirou da sua conta oficial um vídeo com mentiras sobre Lula, uma fala mal editada e manipulada para fazer parecer que o presidente eleito disse o que não disse. É um dos assuntos que foram alvos de decisões do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e denota que Jair sempre soube que estava mentindo.
Quem mais removeu conteúdo foi um dos mais efusivos participantes da milícia digital de fake news e ódio de Bolsonaro, o deputado federal eleito Gustavo Gayer (PL-GO). Com pouco mais de 1 milhão de vídeos, ele apagou por iniciativa própria 1,6 mil vídeos que infringiam decisões prévias da Corte. Entram na lista ataques à honra e ao nome de Lula, mensagens antidemocráticas e falsas alegações de fraude nas urnas.
Ao todo, Gayer tinha 2.286 vídeos no ar há dois dias. Com as remoções, o número caiu para 680. O youtuber teve o canal desmonetizado durante o segundo turno das eleições por decisão da Corte.
Há tempos Gayer é um dos que mais enriquece com notícias falseadas, montagens toscas e ataques ao nome a à honra de Lula. Como o Verdade na Rede já denunciou, Gayer é um dos maiores produtores e disseminadores de fake news do Brasil. Como bolsonarista, também tem o hábito de plantar mentiras e, depois, fingir que não é com ele.
Gustavo Gayer foi investigado no relatório da CPI da Covid por “movimentações financeiras atípicas”, pois foi um dos canais que mais lucrou com a disseminação de notícias falsas sobre a pandemia. Ele ganhou mais de R$40.000 com desinformação, ficando atrás apenas do jornalista Alexandre Garcia, outro notório produtor de fake news.
Outro canal que escondeu vídeos desde a eleição é o da produtora Brasil Paralelo, uma espécie de “netflix da direita”, que removeu 82 vídeos.
De uma pequena empresa gaúcha nascida na década passada, a Brasil Paralelo se tornou uma das maiores produtoras de conteúdo de direita no país, com mais de 375 mil assinantes. A especialidade é produzir documentários sobre história, política e filosofia, sempre com viés alinhado à extrema direita e completo desrespeito pelos fatos históricos.
Em seu histórico, chama a atenção o número de ataques a reputações e ao nome de diversas pessoas, especialmente ligados à esquerda, por meio de mentiras. A plataforma inclusive já defendeu discursos supremacistas. E também as grandes quantidades de dinheiro investidos para fazer com que seus conteúdos circulam na velocidade em que o fazem. É a clássica fórmula da milícia digital bolsonarista.
No ano passado, a produtora bateu recorde em gastos para impulsionar propaganda política no Facebook. Foram R$ 3,8 milhões em apenas um ano. Já em 2022, às vésperas da corrida eleitoral, a Brasil Paralelo se tornou a anunciante líder em gastos com publicidade política no Google Brasil. A produtora gastou R$ 368 mil em 647 produtos de novembro a junho.
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