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Bolsonaro barateia ‘cesta básica’ do crime enquanto sua geladeira segue vazia

O arroz tá caro, o feijão tá caro. De todos os produtos que foram impactados pela inflação galopante de Paulo Guedes, um item teve uma redução e tanto no custo: a ‘cesta básica’ do crime, formada por fuzis, carabinas e pistolas ficou 65% mais barata com a liberação de armas promovida por Jair Bolsonaro. Por outro lado, um salário mínimo não dá nem sequer para comprar uma cesta básica no estado de São Paulo.

Fica clara quais são as prioridades políticas e preferências de Bolsonaro. Sem que o governo federal fizesse muito, a inflação subiu 0,67% em junho, a maior taxa para o mês desde 2018. A alta foi influenciada principalmente pelo aumento no grupo de alimentação e bebidas, que é o motivo de, a cada ida à feira ou ao mercado, a sacola volta mais leve e desprovida.

Enquanto o povo trabalha de sol a sol para conseguir pôr o que comer na mesa, uma nova forma de agir do crime organizado, beneficiado pela flexibilização do acesso a armamentos promovido por Jair e seus decretos que alteraram trechos do Estatuto do Desarmamento. Agora, revela reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, criminosos podem tranquilamente comprar armas de forma legal, usando laranjas ou mesmo criminosos com extensa ficha corrida, que se registram como colecionadores, atiradores ou caçadores (CACs).

O Senado chegou a aprovar um decreto para derrubar as medidas, mas Bolsonaro decidiu revogá-las para evitar uma derrota no Legislativo. Em 2020, o presidente mudou regras que tratavam do transporte, rastreamento e a identificação e marcação de armas, munições e produtos bélicos.

Ao todo, foram mais de 300 dispositivos sobre isso. Graças a isso, o número de pessoas com licença para armas de fogo subiu 473%. São mais armas em posse de civis do que com a polícia e outras instituições do Estado. Ao jornal, o promotor de Justiça Lincoln Gakiya afirmou que, se antes criminosos pagavam de R$ 35 mil até R$ 59 mil num fuzil no mercado paralelo, hoje, graças ao novo esquema, pagam de R$ 12 mil a R$ 15 mil um (fuzil calibre) 556 com nota fiscal — e sem ter de ir a um país fronteiro atrás do tráfico de armas.

É a receita ideal para promover o crime organizado e as milícias. Já o povo, não está nem um pouco mais protegido. Essas armas estão miradas contra eles pelo mundo do crime. Assim como a miséria e a fome.

A quantidade de brasileiros e brasileiras que enfrentaram algum tipo de insegurança alimentar atingiu o marco de 61,3 milhões de pessoas entre 2019 e 2021, revela relatório da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o que colocou o Brasil de volta ao Mapa da Fome. Na prática, 3 a cada 10 pessoas sofrem com algum tipo de insegurança alimentar. No total, 15 milhões de pessoas passam fome hoje no Brasil.

Essa equação é agravada pelo vácuo deixado pelo desmonte de políticas que garantiam justamente a segurança alimentar. Isso indica que o problema não está em uma crise pontual, mas na ausência ou desmonte de políticas que corrigem as desigualdades na distribuição de alimentos entre as populações.

A política econômica desastrosa de Bolsonaro e Paulo Guedes tem sido incapaz de conter o avanço da inflação, que devora o poder de compra do consumidor e eleva os preços de itens essenciais para a vida, como alimentos e combustíveis.

A título de comparação, usamos a mesma base de dados do Dieese para recuperar o preço das cestas básicas em 2006 (R$ 172,31), 2010 (R$ 249,06) e 2014 (R$ 354,63), no estado de São Paulo, no mês de junho. Calculando a relação com os salários mínimos da época, era possível comprar 2,03 cestas em 2006 (quando o salário mínimo era R$ 350), 2,04 cestas em 2010 (R$ 510) e em 2014 (R$ 724). Em 2022, o salário mínimo não compra uma cesta básica sequer.

O combate à fome sempre foi uma obsessão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em seu discurso de posse, em 2003, Lula afirmou que, se conseguisse assegurar que todos os brasileiros pudessem tomar café da manhã, almoçar e jantar, teria cumprido a missão de sua vida. Promessa feita e cumprida, para o bem do povo. Do outro lado do espectro, está Jair Bolsonaro. Já desde sua campanha prometeu flexibilizar o acesso às armas de fogo. Promessa feita e cumprida, às custas do povo.

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