Bolsonaro promete, mas não entrega água no sertão

Governo já contratou R$ 1,2 bilhão, mas as famílias do norte de Minas Gerais e do Nordeste continuam sem acesso à água. Obras pararam pela metade, revela o Estadão

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Insensível às questões sociais e na contramão das necessidades urgentes do país, o governo Bolsonaro segue ignorando os mais pobres e contando muitas mentiras não só sobre os adversários políticos, mas também sobre os feitos de sua gestão. As obras públicas que ele diz fazer também são fake news. Consomem dinheiro público, mas não saem do papel.

Depois de investigação de três meses, o jornal O Estado de S.Paulo descobriu a novidade da vez, que envolve a chamada ¨Força-tarefa das águas¨, criada há dois anos para perfurar poços e levar água para municípios de áreas secas do Nordeste e norte de Minas Gerais, em área de abrangência da Codevasf. O problema é que o desgoverno Bolsonaro já contratou R$ 1,2 bilhão para o projeto, mas os poços abertos pelo programa estão lacrados. As obras pararam pela metade e as bombas de retirada de água não foram instaladas.

“Ao longo de três meses, o Estadão analisou contratos do atual governo que somam R$ 1,2 bilhão para a construção de poços no sertão. Os documentos mostram irregularidades em pregões milionários feitos em menos de dez minutos e a reserva de recursos para abertura de novos poços sem que outros sejam concluídos. O resultado é um cemitério de poços abandonados”, revela o jornal, em reportagem publicada em destaque, na manchete da edição desta terça-feira (16/08).

Licitação de dez minutos

O jornal pontua que o governo fura poços pelo sertão, mas não instala os equipamentos do sistema de abastecimento. Em alguns casos, instala equipamentos precários, como bombas sem a potência adequada para destinar água até localidades mais altas. Em outros casos, a água potável não chega às casas; quando chega, é salobra.

Além disso, diz a reportagem, as licitações têm indícios de “superestimativa” de preço e limitação de concorrência. Uma licitação da Codevasf em Alagoas, de R$ 53 milhões, durou apenas dez minutos.

Sem se preocupar, de fato, com o povo, especialmente com os que mais precisam, o governo Bolsonaro faz troça da boa-fé dos brasileiros e quer enganar a todos, se passando como um governante que se preocupa com aqueles que vivem na seca, mas na verdade ele não se preocupa com nada nem ninguém, apenas com os seus.

Transposição do São Francisco e 1,4 milhão de cisternas

O ex-presidente Lula foi o único governante que de fato se preocupou e buscou soluções para o problema que causa flagelo no semiárido brasileiro. Por causa da seca, ainda criança teve que sair da cidade onde nasceu em busca de melhores condições de vida.

Por isso, uma das primeiras ações como presidente da República foi tirar do papel o projeto da transposição do São Francisco, que dormia em gavetas públicas desde os tempos do império. Os governos petistas ergueram mais de 80% da obra e só não fizeram 100% por causa do golpe que tirou Dilma Rousseff do poder em 2016, quando estava na metade do segundo ano do segundo mandato.

Além da transposição, os governos petistas criaram o programa responsável pela construção de mais de um milhão de cisternas, que revolucionaram a vida de quem penava com a falta de água para plantar e para comer.

Nos 13 anos dos governos de Lula e Dilma, foram 1,25 milhão de cisternas para consumo, 169,5 mil cisternas para produção (segunda água) e 6,9 mil cisternas escolares, totalizando 1,43 milhão de cisternas. As nações unidas reconheceram o programa como uma das principais políticas públicas do mundo.

Em viagem recente à Paraíba, Lula lembrou dos programas que levaram água para o semiárido e disse que, quando presidente, decidiu que ninguém o impediria de levar água para matar a sede de milhões de nordestinos. ¨E sabe por que fiz isso? Eu sei o que é, com sete anos de idade, sair com um jumento para ir pegar água no açude, tendo de ficar separando fezes de cabrito, de cavalo, de vaca ou de cabra, caramujo, para levar água para casa, colocar para assentar e, depois que assentava, tirava com uma canequinha para a gente beber. Eu sei o que é carregar água seis léguas de distância na cabeça para poder beber”, lembrou.