Inflação descontrolada, volta da fome, recessão, desemprego nas alturas, fechamento de fábricas, sucessivas altas nos preços dos combustíveis: esse é o retrato do caos instaurado no Brasil pelo (des)governo de Jair Bolsonaro. Enquanto isso, o atual presidente se especializa em se desresponsabilizar pelo que acontece no Brasil e segue em sua cruzada mentirosa por achar culpados para os maus feitos de sua gestão. Bolsonaro já tentou culpar os governadores e até o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo descontrole no aumento dos preços dos combustíveis.
A gente já explicou aqui diversas vezes que, com a mesma incidência do ICMS desde 2016, a culpa pelo alto preço dos combustíveis é da política de dolarização adotada pela Petrobras, ou seja, está no colo do Bolsonaro. Não existe nenhuma razão para o preço do óleo e gás brasileiros ser internacionalizado, principalmente agora com a imensa desvalorização do real frente o dólar (o que só ajuda a offshore do Paulo Guedes). Essa é uma medida para agradar acionistas americanos em detrimento do povo brasileiro.
Nas palavras do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em entrevista à Rádio Capital FM, de Cuiabá (MT): “Só teria explicação subordinar o preço nacional ao internacional, se o Brasil fosse importador de Petróleo, mas o Brasil é autossuficiente. O que a Petrobras está fazendo é acúmulo de dinheiro para pagar os acionistas, principalmente os americanos. Não tem explicação aumentar o preço do combustível por causa do preço internacional. O Brasil pode ter um preço próprio. Não tem explicação”.
Fizemos um comparativo com o último ano do governo Lula, lá em 2010, para relembrarmos de como era bom poder encher o tanque. Em 2010, a média do preço da gasolina foi de R$2,50 e durante todo o ano, o aumento foi de apenas 2,04%. Hoje, o litro da gasolina já chega a R$ 7 em todas as regiões do País.
O preço médio do diesel nas bombas do país em 2010, por exemplo, era de R$ 1,98. A alta acumulada em 12 meses, entre dezembro de 2009 e dezembro de 2010, foi de apenas 0,25%! Ou seja: o índice de reajuste atual é 130 vezes maior do que aquele praticado em 2010. Para comparar, arraste a setinha nas imagens abaixo.
No governo Bolsonaro, o povo sofre para comprar o gás de cozinha. A situação já se torna insustentável com o botijão passando de R$ 100 em várias regiões do Brasil. Em 2010, no último ano de Lula na presidência, o preço médio do botijão de gás era R$ 38, 30. Hoje chega a R$ 135 em regiões como o Mato Grosso, por exemplo, fazendo com que brasileiros voltem a usar lenha para cozinhar ou, pior, álcool. Já são muitos os relatos de acidentes graves causados por essa situação.
Quando Lula assumiu a presidência, ele fez questão de incluir o pobre o orçamento e isso também significava estimular o consumo.Com a estabilização da economia, a inflação baixa, o incentivo às montadoras e estímulo ao crédito somente no primeiro mandato foram 6,6 milhões de veículos vendidos.
O sonho do carro próprio, que se tornou realidade para muitas famílias brasileiras durante os governos petistas, está mais distante do que nunca. A grande verdade é que não existem mais carros populares no Brasil.
Um dos campeões de vendas era o Gol, o carro popular da Volkswagen. Somente em março de 2010, foram vendidos 30 mil. Hoje, um Gol 0 KM chega a quase R$ 90 mil. Em 2010, sua versão topo de linha, equipada com motor 1.6 e câmbio automatizado I-Motion, custava R$ 41.620.
O preço médio dos veículos mais baratos 0 KM, em 2021, é de R$ 59.419. Em 2010, esse valor era menos da metade, R$ 25.518. Com dólar mais alto, os preços de carros novos subiram 14% até agosto deste ano, mais eu o dobro da inflação. No Brasil de Bolsonaro, para cada carro novo, seis velhos são vendidos. Realmente, estamos indo de volta para o passado. Arraste a seta para o lado para uma comparação direta.
Bolsonaro comprou uma briga feia com as montadoras, novamente num espectro totalmente oposto ao presidente Lula, que mantinha uma relação inédita com essas empresas. No primeiro mandato de Lula 6,6 milhões de veículos foram vendidos. Seu governo concedeu linhas de crédito via Caixa Econômica e BNDES para as montadoras, além de reduzir o IPI para a compra de veículos e o IOF para os financiamentos de automóveis, estimulando, assim o mercado. Em agosto de 2010, a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) comemorou recorde histórico em vendas de carros: foram 420.202 unidades. Arraste a seta para o lado na imagem abaixo.
Não bastasse a pandemia, as montadoras hoje têm que lidar com o fator Bolsonaro. A crise começou bem antes, em 2019, quando fabricantes de veículos se mobilizaram em vão pelo apoio do governo para reduzir custos com exportação.
Além de não ajudar, ele também atrapalhou. Em janeiro deste ano, a Ford encerrou a produção de veículos no Brasil. A montadora citou um “ambiente econômico desfavorável para justificar a decisão. Bolsonaro, como sempre, foi para o embate. “Querem subsídios”, disse, causando revolta das montadoras que ainda permanecem no país. Só nessa foram 5 mil empregos perdidos.
Em abril deste ano, em uma crise sem precedentes, havia 29 fábricas paradas, de um total de 58, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores. Os motivos são, além da pandemia, a falta de insumos e, lógico, o ambiente desfavorável. Para especialistas, a tendência é de que outras montadoras deixem o País.
Por aqui, ficou tudo caro. Já não é sustentável manter uma vida digna no Brasil, e o governo não faz nada para mudar essa realidade. A política de Bolsonaro é baseada somente em espalhar notícias falsas e culpar seus adversários pela própria incompetência. A culpa não é do Lula, do tempo, dos governadores, de quem que que seja. A culpa é do Bolsonaro.
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