Confira os pontos principais do Debate com Lula

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Na última quinta-feira (09/08), a TV Bandeirantes promoveu um debate entre candidatos à presidência sem a presença de Lula, líder absoluto nas pesquisas eleitorais. Mais uma vez, tentaram calar Lula e não conseguiram: ao mesmo tempo em que acontecia o debate da Band, era promovido nas redes sociais o Debate com Lula, retomando a ideia da Rede Povo, lançada em 1989, durante a primeira candidatura de Lula à presidência.

O debate paralelo contou com a presença de Fernando Haddad (PT), vice-presidente na chapa de Lula, Manuela D’Ávila (PCdoB), que também compõe a chapa, Sérgio Gabrielli (PT), integrante da coordenação da campanha, e Gleisi Hoffman (PT), senadora e presidenta do partido. O debate foi entremeado por vídeos de Lula falando sobre algumas de suas realizações e propostas.

No início do debate, Fernando Haddad leu a carta escrita pelo presidente sobre a censura que o proibiu de participar do debate da Band. Haddad  afirmou: “querem tirar Lula da disputa e nós vamos até as últimas consequências para levá-lo ao terceiro mandato”.

Manuela D’Ávila lembrou que serão “milhares de Lulas nas ruas. O povo vai percebendo que Lula está preso porque todo mundo sabe que ele vai ganhar a eleição”. Sergio Gabrielli disse que Lula é muito mais que um indivíduo: “Lula na verdade representa um sonho que já foi realidade, com o povo no centro da economia, no centro das atenções. Nós já vivemos isso e isso foi tirado do povo”.

“Precisamos voltar a encher a vida da juventude de sonhos. Com escola, universidade, emprego. O Brasil de agora é um Brasil sem sonho, um país que mata nossos jovens”, concluiu Manuela. Haddad acrescentou: “Dá pra entender por que estão impedindo o Lula de participar do debate da Band? Se ele estivesse lá ia dar dó desse pessoal.”

Sobre o debate da Band, os participantes do Debate com Lula comentaram o formato que acaba impedindo candidatos não alinhados ao governo de falar. Além disso, acharam “curioso” aqueles que sempre deram sustentação ao governo golpista questionarem ações de Temer e alertaram que agora todos querem se descolar da figura do atual presidente. 

Confira abaixo alguns dos principais tópicos tratados nos debates.

Emprego

No primeiro bloco do debate da Band, uma das perguntas era sobre emprego e a resposta é Lula! A Massa de Rendimentos do Trabalho (MRT) cresceu 62,8% entre 2003 e 2012, média de 5,56% ao ano. Enfim, o Brasil era melhor com Lula.

Lula e Dilma criaram 20 milhões de empregos e aumentaram de forma recorde o salário mínimo. Durante o governo Lula, o crescimento da renda dos mais pobres foi três vezes maior do que a dos mais ricos. Lula elevou para 43,6 milhões o número de trabalhadores no mercado formal. Atualmente, praticamente 30% dos brasileiros com menos de 25 anos estão sem trabalho, um índice que é duas vezes maior que a média mundial.

E na perspectiva de retomar o país para todas as pessoas, Haddad garantiu: “Lula quer programas no mercado de trabalho para as mulheres, negros. As mulheres promoveram uma revolução nesse país por mérito. São a maioria na pós graduação, são a maioria nos cursos de maior demanda, como o de medicina, por exemplo”.

Sobre o tema, Fernando Haddad ainda comentou: “ao contrário do que pensam outros candidatos, é possível gerar empregos e manter direitos trabalhistas. Os governos do PT geraram 20 milhões de empregos, reativando a economia e fazendo-a crescer”. Ao mesmo tempo, no governo ilegítimo de Temer, o número de pessoas que desistiu de procurar emprego bate recorde.

Economia e teto de gastos

Debatendo economia, Manuela afirmou que “congelar investimentos não funciona. Nesses dois anos de golpe, Temer e seus aliados fizeram o test drive das propostas deles, à força, e não deu certo”. Para reaquecer a economia, a proposta de Lula é retomar o que ele já fez: aumentar o crédito, gerar emprego, retomar as obras paradas em todo o país. Gerar emprego faz a economia rodar e o país sai da crise.

No Debate com Lula, Fernando Haddad falou sobre a importância que o ex-presidente dará, em seu próximo governo, ao crédito. “O crédito é o complemento da educação em uma sociedade desenvolvida”.  Ele lembrou que, nos governos do PT, milhões de pessoas tiveram acesso a crédito barato e puderam, inclusive, abrir um negócio próprio. “É por isso que o Lula vai fazer uma reforma bancária. Os bancos hoje cobram juros abusivos”.

Na esteira desse assunto, Gabrielli comentou o lucro dos bancos, relacionando o fato com a atual crise. “O grupo que tomou o poder não tem saída para o país. A única coisa que eles apresentam é mais austeridade. E o povo sabe que Lula pode representar essa esperança, essa possibilidade de conquista do futuro”.

Sempre vale lembrar que os governos do presidente Lula já demonstraram como é possível crescer, gerar empregos e distribuir renda, ao mesmo tempo em que se mantém a inflação baixa e se reduz o endividamento público.

Justiça fiscal

A reforma tributária do governo Lula vai isentar o Imposto de Renda das Pessoas Físicas (IRPF) de todos aqueles que ganham até cinco salários mínimos. Lula vai criar o imposto sobre grandes patrimônios, bem como a reformulação do imposto sobre heranças, especialmente grandes heranças e a extensão da cobrança do IPVA para jatos, lanchas e outros veículos.

“O pobre no Brasil paga mais imposto que o rico, proporcionalmente. Vamos inverter. Vamos voltar a cuidar do pobre no orçamento e mudar a composição da carga tributária. A reforma tributária vai ser muito importante para a ativação da economia”, concluiu Haddad.

Desigualdade social e combate à pobreza

Com Lula e Dilma, a renda dos mais pobres cresceu mais do que a dos mais ricos, diminuindo a desigualdade. A renda dos 20% mais ricos cresceu 23% nesse período, enquanto a dos 20% mais pobres cresceu 84%. O Programa Bolsa Família tirou 36 milhões de brasileiros da extrema pobreza e, em 2016, beneficiava 13,9 milhões de famílias. Segundo estudo de 2010 do IPEA, cada real investido no programa gera um retorno de R$ 1,78 para a economia.

Haddad lembrou, durante o debate, que Lula foi celebrado mundialmente em função do compromisso de nenhum brasileiro passar mais fome, o que foi concretizado, em grande parte, pelo Bolsa Família. O programa já foi duramente criticado por adversários, mas agora Alckmin, inclusive durante o #DebateBand, afirmou que quer ampliar o Bolsa Família. Mas, na prática, o que o PSDB fez em São Paulo foi cortar o leite das crianças e introduzir uma ração no lugar da merenda.

“Eu fiquei apavorada quando o Alckmin disse que vai fazer com o Brasil o que ele fez com São Paulo. Ele poderia fazer uma série de políticas sociais no Estado, mas não fez. Por que agora está querendo ampliar o Bolsa Família? Eles desmontam as políticas sociais e ficam brigando pela paternidade dos programas criados por Lula”, indignou-se Manuela.

Salário mínimo

A política de valorização, convertida em lei durante o governo Lula, previa a reposição da inflação do ano anterior e a variação do PIB de dois anos antes. Com Temer, em 2018, o aumento do salário mínimo ficou abaixo da inflação, o que não ocorria desde 2003. O salário mínimo teve aumento de mais de 70% acima da inflação no período Lula-Dilma: em todos os anos dos governos do PT, houve aumento real.

Transposição do Rio São Francisco

Lula tirou do papel o Projeto de Integração de Bacias do Rio São Francisco. Seu próximo governo concluirá as obras paradas pelo governo ilegítimo, retomará as ações de revitalização do Velho Chico e repactuará com os Estados beneficiados os termos do sistema de gestão das águas.

Haddad lembrou: “Enquanto Alckmin deixou faltar água em São Paulo, Lula realizou a transposição do São Francisco para combater a seca no semi-árido”.

Educação

Lula e Dilma ampliaram o orçamento real do MEC, criaram o FUNDEB e o Piso Salarial Nacional do Magistério, triplicaram as matrículas em creches, investiram na educação do campo, indígena e quilombola. Criaram 18 universidades federais e asseguraram formação profissional para mais de 9,4 milhões de jovens. O Prouni, o FIES, o Enem, o Sisu e Ciências Sem Fronteiras incluíram milhões de jovens e ampliaram suas oportunidades. A educação é chave para o desenvolvimento de qualquer país.

Nos governos Lula, os recursos para a área mais que triplicaram. O investimento público direto em Educação em relação ao PIB, que era de 3,9% em 2000, chegou a 5% em 2009.

Lula, em seus governos, pensou na juventude, tanto que levou para todo o país universidades e institutos federais. “A questão da juventude é muito ampla na cabeça do Lula. Ele levou para praticamente todas as cidades-pólo um Instituto Federal. Ele dispersou as oportunidades por todo o território nacional”, lembrou Haddad. E Gleisi completou: “é impressionante que o presidente que teve menor possibilidade de acesso à educação tenha sido o que criou mais universidades”.

Saúde

Lula vai reverter medidas do governo golpista que atacam o direito à saúde, fortalecerá a regionalização dos serviços de saúde e vai criar a Rede de Especialidades Multiprofissional.

A centralidade da temática da saúde para Lula é comprovada pelos números: a mortalidade infantil caiu 45% durante o Governo do PT (de 2002 a 2015). Desde que o PT saiu do governo, a mortalidade infantil voltou a subir.

Política externa

A política internacional desenvolvida durante os governos Lula não poderia ficar de fora do debate. “Quando Lula era presidente, ampliamos nosso comércio exterior. Fortalecemos nossas relações com a América Latina, África, China e a Rússia. Lula respeita e é respeitado internacionalmente”, afirmou Gleisi. 

Haddad completou: “Lula tinha um prestígio internacional e sabia usar isso, tanto que seu ministro de relações internacionais foi considerado o maior do mundo. O Temer é um fantasma no cenário internacional, mas o Lula era o cara, como o Obama disse, porque ele participava dos fóruns internacionais com propostas”.